Vivo Sob o Sol

Não há caminho rumo a um futuro sustentável sem lidar com as velhas pedras no caminho do ambientalismo: consumo e empregos. E a maneira de fazer isso é através de uma Renda Básica Universal.

por Alyssa Battistoni, na Revista Jacobin, janeiro de 2014

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Ilustração: Edward Carvalho-Monaghan

Desde que o ambientalismo existe, tem estado em crise. A Natureza tem sempre sido um foco de pensamento e ação humana, é claro, mas não foi até que pesticidas e poluição começassem a cobrir o horizonte que algo chamado “o meio-ambiente” emergiu como uma questão de preocupação pública.

Nos EUA dos anos 60 e 70, imagens distópicas provocavam ansiedade sobre os custos de uma prosperidade sem precedentes: um nevoeiro de fumaça [1] grosso o bastante para esconder linhas do horizonte da visão,  dejetos escoando por quintais suburbanos, rios tão poluídos que explodiam em chamas, carros enfileirados em postos de gasolina durante escassez, armas químicas que podiam desfolhar florestas inteiras. Economias e ecologistas igualmente previam desgraças, avisando que a humanidade estava correndo contra limites naturais ao crescimento, crises de extinção e explosões populacionais.

Mas o Apocalipse não veio. A ameaça que o meio-ambiente parecia impor para o crescimento econômico e o bem-estar humano sumiu de vista; aliviados por terem derrotado o inimigo ambiental, muitos se apressaram para, ao contrário, declarar a si próprios como seus amigos.

Quatro décadas depois, todo mundo é um ambientalista – e mesmo assim o meio-ambiente parece estar pior do que nunca. Os problemas dos anos 70 estão de volta com uma vingança, muitas vezes transpostos para novas paisagens, e novos vieram se juntar a eles. Espécies que mal sabíamos que existiam estão morrendo em massa; oceanos estão se acidificando no que soa como o enredo de um filme de terror de segunda; numerosas áreas de pesca colapsaram ou estão à beira de; suprimentos de água doce são escassos em regiões que abrigam metade da população mundial; a terra agriculturável está exausta de nutrientes; florestas estão sendo aplanadas em ritmos assombrosos; e, é claro, a mudança climática se eleva sobre todos.

Estes não são problemas que podem ser consertados enfiando um filtro em uma chaminé. Certamente não são sobre abraçar árvores ou odiar pessoas. Sem rodeios, nós estamos sendo confrontados pelo fato de que a atividade humana tem transformado o planeta inteiro de maneiras que estão agora ameaçando o jeito que nós o habitamos – alguns de nós mais do que outros. E não é particularmente útil falar em generalidades: a ideia de que ‘O Meio-Ambiente’ é alguma entidade que pode ser consertada com ‘Uma Solução’ é parte do problema.

A categoria “problemas ambientais” contém multitudes, e suas soluções nem sempre se alinham: falta de água em Phoenix é uma questão muito diferente do que a poluição do ar em Los Angeles, o desaparecimento de pantanais em Louisiana, ou as crescentes acumulações de carbono atmosférico. Então, ao invés de arranjar algum tipo de modelo para um futuro sustentável, defendo que não tem um caminho para chegar lá sem lidar com velhas pedras no caminho do ambientalismo: consumo e empregos. E a maneira de fazer isso é através de uma Renda Básica Universal. [2]

Ambientalistas têm, há muito, repreendido estadunidenses sobre o excesso de uso de recursos naturais. Hoje em dia os tópicos sobre o excesso de consumo são familiares: 5% da população mundial [a população estadunidense] usa 25% de seus recursos, e emite cerca da mesma porcentagem em gases do efeito-estufa; se o mundo todo vivesse como os estadunidenses, precisaríamos de quatro planetas, talvez cinco. Nós comemos carne demais, dirigimos por quilômetros demais, vivemos em casas grandes demais e longe demais, compramos demais coisas de que não precisamos. Quando se trata de mudança climática, é pior ainda do que os números sugerem: As nações Ocidentais terceirizam uma porcentagem enorme de emissões para lugares que cada vez mais produzem os nossos produtos.

Tais disparidades internacionais têm, é claro, há muito representado um desafio para aqueles preocupados igualmente com justiça doméstica e global: como reconhecer que os pobres estadunidenses são mais ricos do que a maioria do mundo sem simplesmente concluir que eles são parte do problema? Mas enquanto discussões sobre consumo tendem a focar em um “nós” universal, [3] como perfeitamente exemplificado pela famosa tirinha do Pogo no Dia da Terra [4] –  “nós encontramos o inimigo, e ele somos nós” – é importante olhar mais de perto dentro do mundo rico ao invés de simplesmente empilhar desprezo sobre médias nacionais.

Descrições do consumismo estadunidense tendem a focar em coisas como Walmarts e McDonald’s, sugerindo que a culpa reside em massas vorazes e gananciosas. Enquanto isso, é moda entre os ricos parecer virtuosos enquanto dirigem seus Prius, viver em lares que vendem a imagem de “projetos verdes,” e comer couve orgânica. Mas o quanto você “se importa com o meio-ambiente,” acredita na mudança climática ou agoniza sobre as origens do seu café [5] não importa tanto quanto a sua faixa no imposto de renda [6] e os hábitos de consumo que vem com ela.

Consumo não corresponde perfeitamente à renda – em grande parte por causa de programas públicos como o SNAP [7], que suplementam famílias de baixa-renda – mas os dois estão estreitamente ligados. A Comissão de Orçamento do Congresso dos EUA estima a pegada de carbono dos 20% mais ricos é mais de 3 vezes maior que a dos 20% mais pobres. Mesmo no relativamente igualitário Canadá, os 10% do topo têm uma pegada de mobilidade 9 vezes maior do que a dos 10% mais pobres, uma pegada de bens de consumo 4 vezes maior, e uma pagada ecológica geral duas vezes e meia maior. Viagens aéreas são frequentemente taxadas como uma das fontes de emissão de carbono de crescimento mais rápido, mas não é simplesmente por que companhias aéreas de baixo-custo “democratizaram os céus” – ao invés, voar tem realmente explodido entre os ricos hiper-móveis. Daí que na Europa Ocidental, a pegada de transporte de gente no topo de renda é de 250% a do pobres. E as emissões globais de carbono são particularmente desiguais: os 500 milhões de pessoas de maior renda, compondo cerca de 8% da população global, são responsáveis por 50% de todas as emissões. É realmente uma elite global, com altos-emissores presentes em todos os países do mundo.

Mas isso não significa que os EUA estão totalmente fora da curva. Os ricos globais podem consumir muito mais que o resto, mas o consumo global não pode ser nivelado trazendo todo mundo nem mesmo para níveis ocidentais médios; o consumo em nações ricas, mesmo em níveis relativamente baixos de renda, precisa cair se pretendemos atingir alguma medida de igualdade global.

Para aqueles em países ricos, isso soa suspeitosamente próximo de um argumento pela austeridade: nós temos sido libertinos, e agora o acerto de contas está chegando. Isso pode ser facilmente reconciliado com linhas mais ascéticas [8] de ambientalismo e correntes anti-consumistas de Esquerda. Mas para aqueles que não são tão incomodados por um consumo decadente tanto quanto pelo fato de que tão poucos são capazes de desfrutá-lo – e que são cautelosos lembrando de filas de pão soviéticas – o prospecto de limitar o consumo é profundamente preocupante.

É difícil falar de consumo sem um sopro de desaprovação moralizante, como se houvesse algo inerentemente ruim sobre ter coisas legais. Então as condenações da cultura consumista que uma vez ocuparam críticos sociais caíram amplamente fora de moda, vistas como muito puritanas, muito paternalistas, muito esnobes – e talvez mesmo muito tediosas. A gente já entendeu.

Mas é importante distinguir entre diferentes tipos de consumo. Para todas as ressonâncias na retórica do ambientalismo anti-consumista e da austeridade, reduzir consumo público seria na verdade um desastre ambiental. Reduções em bens públicos tendem a produzir aumentos em consumo privado: as pessoas dirigem carros ao invés de pegar um ônibus, se mudam para uma casa com um jardim ao invés de ir para um parque, compram livros e sistemas de entretenimento doméstico ao invés de irem para bibliotecas e museus, bebem água engarrafada ao invés de na bica – se elas puderem pagar. Aquelas que não podem têm que se virar sem.

É difícil pensar em muitas coisas mais desingênuas do que argumentar que lidar com os problemas ambientais vai impor restrições inaceitáveis sobre o padrão de vida estadunidense e simultaneamente promover medidas de austeridade – e mesmo assim essa atitude é universal no discurso político dominante.

E enquanto ter coisas não faz de você um miserável materialista sem-alma, como algumas das retóricas anti-consumistas mais estridentes sugeririam, isso também não te faz necessariamente  mais feliz. Ao invés disso, a “esteira do status” frequentemente faz o oposto: incentiva ansiedade, inadequação e dívida sob a bandeira da democracia e da liberdade. Enquanto isso, culpa consumista tem levado a uma explosão de produtos “verdes” – papel higiênico reciclado, camisetas orgânicas, detergentes completamente naturais – mas a maioria faz pouco mais do que “lavar à verde[9] as mesmas velhas coisas de sempre, concedendo um brilho de virtude sobre seus usuários, sugerindo que escolhas pessoais salvarão o planeta. Mas a agonia individual que constituí políticas-de-consumidor não vai superar o fato de que a economia global depende de expandir mais ou menos indefinidamente o consumo [10]. De fato, o consumo deu a volta completa e se tornou virtuoso: protestar contra as sweatshops [11] e berrar sobre exploração está antiquado; comprar gadgets é a nova maneira de tirar as pessoas da pobreza. E assim não são apenas os trabalhadores que são chantageados com a ameaça de perda de emprego – todos somos ameaçados com chantagem de consumo, em que consumir menos vai colocar milhões na rua mundo à fora e quebrar a economia global. Mesmo nosso lixo está criando empregos em algum lugar.

De fato, você não pode falar de consumo sem falar de produção – o que nos traz aos empregos, que os ambientalistas têm há muito sido acusados de matar. Para ser franco, a história do ambientalismo está forrada de projetos mirando a manutenção de trechos de natureza livres de impacto humano, muitas vezes demonizando trabalhadores no processo. E a indústria há muito tem se aproveitado do estereótipo popular de abraçadores-de-árvores assassinos-de-empregos para resistir em aumentar os padrões de segurança e poluição, ameaçando que a instalação forçada de depuradores de enxofre ou a ventilação apropriada de ambientes de trabalho colocarão milhares no desemprego.

Tais estimativas de perda de emprego tendem a ser táticas de amedrontamento selvagemente exageradas, enquanto que os empregos que projetos industriais sujos afirmam criar normalmente são vastamente inflados. TransCanada, por exemplo, tem afirmado que construir o oleoduto de areias betuminosas em Keystone XL criaria 20.000 empregos, enquanto que o Departamento de Estado projeta algo mais na ordem de 5.000, na maioria temporários. Mas regulações às vezes realmente matam empregos dentro de indústrias, mesmo que no balanço eles muitas vezes criem mais – e às vezes destroem indústrias por completo. E enquanto ocupações cruamente extrativas como mineração de carvão ou extração de petróleo são exemplos-padrão de práticas que o eco-futuro brilhante tornará obsoletas, uma olhada mais de perto implica indústrias e tipos de trabalho menos óbvios.

Uma “economia verde” não pode ser uma que apenas faz versões “verdes” das mesmas coisas, ou uma que faz painéis solares em conjunto com SUVs. Eco-Keynesianismo na forma de projetos de trabalhos públicos podem ser temporariamente úteis para construir sistemas de trilhos leves e infraestrutura eficiente, casas preparadas para as intempéries do clima, e restaurar ecossistemas – e para ser franco, há muito trabalho a ser feito nessas áreas. Mas um pico em empregos verdes não nos diz muito sobre como fornecer à todos sem criar empregos através de expansão perpétua da produção. O problema não é que cada detalhe da economia de empregos-verdes não esteja estabelecido por completo – clamores por empregos verdes pretendem reconhecer a tensa história das relações trabalhistas-ambientalistas, e significar um compromisso para garantir que a sustentabilidade não venha às custas das comunidades trabalhadoras. O problema é que a visão que elas invocam não é uma projeção do futuro tanto quanto um reflexo do passado – a maioria das visões de uma “nova economia” parecem e muito com a antiga. Tais visões revelam uma esperança de que a mudança climática será o New Deal ou a Segunda Guerra Mundial [12] da nossa geração, nos abrigando contra tempos difíceis, rumo a uma nova era de prosperidade amplamente difundida.

Mas o Keynesianismo [13] subjacente à essa visão era a resposta a um problema que foi identificado como subconsumo ao invés de superprodução: pretendia dar partida à demanda ao invés de reduzir a oferta. Se o excesso de consumo na verdade é o problema, não podemos consertá-lo consumindo mais, não importa o quão eco-certificados sejam os produtos. De fato, a própria ideia de que empregos verdes vão dirigir a recuperação econômica está intimamente ligada a noções de hegemonia estadunidense contínua: a tecnologia verde é a próxima onda, a retórica diz, e os EUA precisam estar à frente na corrida global para inovar. Mas praticamente todos os países no mundo nutrem esperanças similares. Que o país mais rico no mundo esteja tão em pânico com a perspectiva de que outros possam alcançá-lo revela a falácia da noção de que o crescimento contínuo de alguma forma atingirá um ponto final em que todos desfrutarão de um padrão de vida decente.

Crescimento contínuo não é o único caminho para chegar lá. A mitologia cercando o New Deal muitas vezes obscurece o fato de que a resposta trabalhista à Depressão não foi trabalhar mais, mas compartilhar o trabalho existente mais amplamente, mudando para uma semana de trabalho de 30 horas; o próprio Keynes previu, como é amplamente conhecido, que nós já teríamos reduzido a semana de trabalho para 15 horas lá pelo final do século passado. [14] A decisão de usar a política fiscal [15] para estimular o consumo, ao invés, foi uma forma de evitar mudanças estruturais mais profundas – fazer crescer o bolo ao invés de questionar quem estava comendo a maior parte dele. Desde então, ao invés de aumentar o tempo livre, os ganhos de produtividade têm em sua maior parte aumentado o consumo privado para um número cada vez menor de pessoas. Nestes dias, é claro, as pessoas estão tendo tempo livre forçado sobre elas – são os empregadores que estão cortando horas e os trabalhadores que estão desesperado por mais. Está claro que nós podemos atender às nossas necessidades com muito menos trabalho do que o que sustentará uma população dependente de salários estagnados. Enquanto os economistas neoclássicos [16] afirmam que o equilíbrio entre consumo e lazer seria uma escolha feita pelos indivíduos, se as pessoas trabalharão ou não, em primeiro lugar, é claramente determinado por decisões feitas em um nível de sociedade em geral.

Está começando a parecer que nós deveríamos ter tomado o outro New Deal. Nós precisamos mudar explicitamente rumo a trabalhar menos – para reorientar o equilíbrio entre consumo e lazer rumo ao segundo em um nível social – e compartilhar o trabalho que sobra mais igualmente. A socióloga Juliet Schor [17] diz que a gente poderia trabalhar quatro horas por dia sem qualquer declínio no padrão de vida; similarmente, a New Economics Foundation [18] propõe que a gente poderia se virar com uma semana de trabalho de 21 horas. Enquanto isso, David Rosnick e Mark Weisbrot [19] sugerem que os EUA poderiam cortar o consumo de energia em 20% ao mudar para uma agenda mais parecida com a da Europa Ocidental, com semanas de 35 horas e seis semanas de férias – certamente nenhuma panaceia, mas dificilmente desanimador para um começo. Em um estudo sobre nações industrializadas nos últimos 50 anos, Schor, Kyle Knight e Gene Rosa [20] encontraram que horas de trabalho mais curtas estão relacionadas com pegadas ecológicas mais curtas.

Enquanto que fazer as pessoas trabalharem em empregos de merda para “ganhar a vida” tem sempre sido maldoso, agora está começando a parecer suicida. Então talvez seja hora de reivindicar o ambientalismo assassino-de-empregos, desta vez não como um projeto que demoniza trabalhadores, ou mesmo o trabalho – mas, ao invés, como um que rejeita o trabalho feito em nome do trabalho [21]. Em vez de estigmatizar, criminalizar e aprisionar os desempregados e os “pobres não-industriosos”, talvez nós devêssemos, como David Graeber sugere [22], vê-los como os “pioneiros de uma nova ordem econômica” – uma em que todos trabalhamos e consumimos menos, e temos mais tempo para outras buscas.

De fato, lidar com problemas ambientais sugere a necessidade não apenas de novos tipos de empregos mas de novas abordagens para o trabalho por completo. Nenhum trabalho ou atividade humana, não importa quão distante “da terra”, deixa de produzir impacto ambiental – mas alguns trabalhos são menos materialmente-intensivos que outros. Um futuro ecologicamente viável vai se apoiar em muitos tipos de trabalho que são tipicamente subvalorizados, ou nem considerados trabalho – cuidar de pessoas e ecossistemas; construir comunidades; aprender e educar. Isso enfaticamente não significa que nós todos deveríamos nos tornar artesãos engajados em produção em pequena-escala [23]; pelo contrário, há perigos em romantizar formas supostamente “naturais” e não-alienadas [24] de trabalho. Rejeitar os fast-foods em nome de horticulturas e produção de conservas, por exemplo, pode simplesmente re-instituir um regime árduo para as mulheres; reconhecer os problemas de certos projetos maximalistas não pode significar ceder objetivos liberatórios. Mas feita direito, uma reavaliação do trabalho de uma perspectiva ecológica poderia elevar o trabalho não-pago de fazer um mundo social habitável.

Propostas para encurtar a semana de trabalho são frequentemente defendidas sobre a base de dar às pessoas mais tempo para o que elas quiserem – para passar um tempo com os amigos, família e pessoas amadas, começar uma banda, escrever um romance, cozinhar uma comida, e assim por diante. Mas chamar essas atividades de “lazer” diminui sua importância em fazer a vida com menos coisas uma que valha a pena e que traga realização. Da mesma forma, a palavra “lazer” não dá crédito para o fato de que comunidades fortes são tão importantes para sobreviver a desastres naturais quanto barreiras fortes contra as ondas. Se nós estamos pagando pessoas para construir as últimas, não devíamos pagar também para construir as primeiras?

Acontece que alguns dos esforços mais interessantes para repensar a relação entre trabalho, produção e natureza estão, portanto, tendo lugar em ambientes inesperados: a saber, nas estruturas de pagamento-por-serviços-de-ecossistema [PES, na sigla em inglês – 25] que agora dominam o pensamento econômico sobre o meio-ambiente dominante. A ideia geral é identificar diferentes processos ecológicos – polinização, digamos, ou fertilização do solo – e colocar um preço sobre eles. Soa como uma estratégia quintessencialmente neoliberal [26] – e de fato, é como frequentemente isso tem sido implantado. Mas as ideias originalmente motivando o pagamento por serviços de ecossistema em muitas maneiras lembram aquelas do movimento feminista radical dos anos 70 ‘Salários Para o Serviço Doméstico’. [27] O movimento apontava para a dependência do capitalismo de trabalho socialmente reprodutivo em casa, e ao chamar esse trabalho de “um ato de amor”, o torna gratuíto. Ao exigir o reconhecimento e o pagamento pelo trabalho do lar, o movimento ‘Salários Para o Serviço Doméstico’ buscava perturbar premissas sobre “trabalho feminino,” forçar o reconhecimento de um trabalho subvalorizado e forçar uma reconsideração da relação entre trabalho reprodutivo e noções tradicionais de economia produtiva. Forçado a pagar os custos da reprodução da vida, o capitalismo não seria mais viável.

Como com o ‘Salários Para o Serviço Doméstico’, em que a demanda concreta por pagamento agia como um ponto de partida provocativo, a demanda por pagamento pelo trabalho feito para e pelo ecossistema pretendia originalmente servir como uma metáfora perturbadora: o primeiro passo em um projeto mais amplo para mudar a maneira como nós pensamos sobre a relação entre a sociedade humana e o mundo natural. Cozido não por radicais políticos, mas por ecologistas em grande medida apolíticos e desesperados para proteger da destruição os sistemas que eles estudavam, o pagamento por serviços de ecossistema começou como uma tentativa de valorizar o trabalho que nós chamamos de natureza e que tornamos gratuíto: buscava reconhecer as funções ecológicas que nós damos como garantidas, para admitir que os meios de existência não existem separadamente dos meios-ambientes, e para rejeitar as velhas (e muitas vezes racializadas) ideias sobre conservação que enfatizam a manutenção de humanos fora de ambientes intocados. Enquanto nunca foi anticapitalista em seu intento, sempre houve um elemento de absurdidade desestabilizadora na perspectiva de botar um preço no planeta inteiro.

Na prática, porém, enquanto que a estrutura de serviços de ecossistema tem sido profundamente desigual em suas implementações, ela tem servido para avançar com a privatização e mercantilização dos serviços que clama proteger. O valor monetário produzido por ecossistemas é frequentemente capturado e consolidado por poderosos atores locais, ou traduzido em mercadorias negociáveis como nos mercados de crédito de carbono, que têm sido selvagemente voláteis e falhado amplamente em atingir os objetivos de proteção ambiental ou de alívio da pobreza.

Programas de PES que atribuem valor a ecossistemas sem atenção à igualdade e propriedade muitas vezes incentivam estados ou especuladores a tomar ativos naturais repentinamente rentáveis, desapossar pessoas do acesso à sua exploração de subsistência e distribuir benefícios unicamente para investidores. Enquanto isso, dividir ecossistemas em pacotes de serviços para serem negociados e vendidos perde de vista a complexidade e interdependência daquilo que supostamente se está preservando. Resumindo, como tantas ideias, o pagamento por serviços de ecossistema foi grandemente capturado pelo neoliberalismo.

Mas os princípios subjacentes podem ainda serem recuperáveis – reconhecer o valor de uso de ecossistemas, que os assim-chamados problemas ambientais não podem ser separados de questões de meios de existência e da sociedade mais ampla, e que o mundo em que vivemos é constituído igualmente por trabalho humano e “natural”. Esses princípios  acenam para uma economia que reconhece o valor do cuidado dado aos ecossistemas, e o valor do trabalho necessário para sustentar a vida – o trabalho de reproduzir o próprio mundo em que vivemos. E eles reconhecem o valor de não trabalhar, de não produzir, como em programas que pagam pessoas para não cortar árvores – as compensando pela renda perdida em nome da sustentabilidade global.

Precisamos pensar seriamente e expansivamente sobre esses tipos de trabalho e valor – e sobre os custos reais que aquela “sustentabilidade” vai impor sobre indivíduos e comunidades. E precisamos reconhecer que isso é um projeto verdadeiramente coletivo – que sistemas de trabalho e recompensa individualizados e atomizados são cada vez mais indefensáveis em face do emaranhado interdependente em que estamos enredados.

Como podemos fazer isso? Para começar, divorciando a renda das noções convencionais de produção, e instituindo um salário social na forma de uma Renda Básica Universal. A renda básica não vai, sozinha, resolver os problemas ambientais; não vai substituir usinas de carvão por painéis solares ou aliviar a pressão sobre aquíferos esgotados. Se instituída como uma justificação para cortar outros programas sociais, seria desastrosa tanto socialmente quanto ambientalmente; serviços públicos robustos são necessários se nós vamos viver com menos. Mas ela marca um ponto de partida crítico para repensar a relação entre trabalho, produção e consumo, sem o qual um “aperto de cinto” ambiental [28] não vai a lugar nenhum.

Mais programaticamente, ao fornecer uma alternativa para a dependência de indústrias destrutivas e remover a ameaça da chantagem de emprego de comunidades desesperadas por meios de sobrevivência, ela torna a mudança uma opção real, dando aos trabalhadores e comunidades mais poder para demandar proteções contra danos ambientais. Pode começar a reorientar o foco social para longe do eterno jogo de corrida do consumo rumo à boa-vida.

Isso reconhecidamente não vai fazer muito para freiar os limites superiores do consumo, pelo menos não logo de cara. Mas pode apontar nessa direção. Ambientalistas gostam de apontar para a Segunda Guerra Mundial como evidência de que as pessoas aceitarão restrições no consumo em nome de uma causa compartilhada, mas a assim-chamada “Melhor Geração” não exatamente aceitou racionamento com um largo sorriso patriótico. O que essa experiência de fato demonstra, porém, é que enquanto as pessoas não gostam de limitar o consumo sob nenhuma circunstância, o que elas não gostam de verdade é cortar se nem todo mundo estiver fazendo o mesmo. O sentimento é tipicamente mobilizado à serviço de políticas anti-Estado de Bem-Estar Social: Por que eu deveria trabalhar se outra pessoa simplesmente recebe um cheque? Mas durante a guerra, isso foi na direção oposta: mais de 60% da população apoiou colocar um teto nos rendimentos em $25.000 por ano, uma relativamente reles $315.000 de hoje.

É claro, o futuro pós-trabalho tem estado faz tempo além do horizonte; propor isso como uma solução para problemas tão sensíveis em questão de tempo pode parecer incrivelmente, mesmo irresponsavelmente utópico. A revolução pode acontecer em tempo para evitar a catástrofe ambiental, mas nós provavelmente não deveríamos contar com isso, embora alguns ativistas climáticos africanos tenham colocado garantias de renda básica, financiada pelo pagamento de dívidas ecológicas por nações ricas, no centro de suas demandas.

Mesmo os EUA apresentam algumas oportunidades interessantes. Uma alternativa proeminente para um imposto direto sobre o carbono ou sistemas de “cap-and-trade[29] é uma política conhecida como “imposto-e-dividendo,” [30] em que os rendimentos de um imposto sobre o carbono seriam distribuídos incondicionalmente para todos os cidadãos – similar ao dividendo de petróleo pago para cada residente do Alaska [31]. Isso é defendido como um mecanismo compensatório para os custos mais altos em energia que resultariam de um imposto sobre o carbono; em termos políticos mais sem-rodeios, funcionaria como uma ‘propina’ para reunir apoio para um imposto que de outra maneira seria impopular. Há uma profusão de críticas a serem levantadas contra o plano como atualmente desenhado, particularmente se for considerado como uma solução climática única – dividendos individuais não vão manter diques, apoiar sistemas de transporte público, ou construir moradias urbanas acessíveis. Mas é também também uma cunha potencial para novas obrigações e relacionamentos: a primeira sugestão de uma renda incondicional garantida, financiada na maior parte por um imposto sobre os hábitos de consumo ambientalmente destrutivos dos ricos. É uma afirmação da propriedade pública da atmosfera, e a delimitação de uma nova reivindicação por recursos públicos.

Vista como um baluarte ligando o fornecimento incondicional de sustento à sustentabilidade ambiental, ela poderia ser o começo de um projeto muito maior para garantir padrões de vida decentes para todos, independente da sua contribuição produtiva, enquanto reivindicando os bens ambientais comuns da falsa mas persistente narrativa de tragédia.

Isso pode parecer esperançoso demais sobre perspectivas sombrias. Para ser franco, é preciso enfatizar que isto se pretende mais como uma sugestão para uma direção geral do que uma solução precisa. Enquanto que podemos extrair ideias de esforços passados para lidar com problemas ambientais, não há precedentes para o que estamos encarando agora. Nós vamos ter de ir descobrido parte disso tudo enquanto caminhamos – o que é outro argumento em favor da renda básica. Lidar com problemas ambientais vai implicar em mudanças significativas e abrangentes; sem um compromisso com a provisão social incondicional, falas sobre resiliência, flexibilidade e adaptação colapsam muito facilmente em justificações de precariedade perpétua.

Observando os protestos fora da cúpula sobre o clima em Copenhagen em 2009, refletindo sobre a aparente tensão entre o reconhecimento dos limites advertidos por aqueles alegando que “não há planeta B” e a falta de limites implicada pelos cantos de “tudo para todos”, Michael Hardt [32] sugeriu a necessidade de “desenvolver uma política sobre os bens comuns que tanto reconheça os limites reais da terra e que promova nossas capacidade criativas ilimitadas – construindo mundos ilimitados em nossa Terra limitada.” Virginia Woolf pode parecer um estranho lugar para se buscar uma resposta, mas em seu ensaio “Um Teto Todo Seu,” [33] enquanto mais conhecido como uma peça clássica de polêmica feminista, poderia servir também como um manifesto para uma tal política. Nele, ela reflete que o “o instinto de posse, o furor de aquisição” faz “o corretor de ações e o grande advogado encerrarem-se em ambientes fechados para ganhar mais e mais e mais dinheiro, quando é fato que quinhentas libras anuais mantêm um sujeito vivo sob o sol.” Com aquelas quinhentas libras, ela escreveu, vinha a liberdade para pensar e escrever como ela quisesse. Nós deveríamos adicionar mais algumas coisinhas a essa lista – cuidados de saúde universais, um passe de ônibus – mas descobrir o que é preciso para manter todas as sete-bilhões-e-tantas pessoas sobre o planeta vivas sob o sol será a tarefa fundamental do século XXI.

O futuro pós-trabalho é muitas vezes caracterizado como uma visão de uma sociedade pós-escassez. [34] Mas o sonho de liberdade do trabalho assalariado e auto-realização para além do trabalho de repente aparece menos como utopia e mais como necessidade.

Encontrar maneiras de viver luxuriosamente mas também levemente, adequadamente mas não asceticamente, [35] não vai ser fácil. Mas talvez na sociedade pós-pós-escassez, em algum lugar entre os temores sobre escassez generalizada e sonhos de decadência generalizada, nós possamos ter as coisas que nunca conseguimos ter no tempo da suposta abundância: o bastante para todos, e tempo para o que quisermos.

Tradução: Everton Lourenço


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  • Socialismo, Transformando “Miséria Histérica” em “Tristeza Qualquer” “A Esquerda quer dar às pessoas a chance de fazer algo mais com suas vidas, lhes dando tempo e espaço longe do mercado. “
  • A gente trabalha demais, mas não precisa ser assim – “Entre os séculos XIX e XX os trabalhadores conquistaram o dia de trabalho de 10 horas e então o de 8 horas, mas depois da Grande Depressão a tendência parou. Do que precisaríamos para recuperar nosso tempo livre?”
  • Políticas para se ‘Arranjar Uma Vida’ – “O trabalho em uma sociedade capitalista é um fenômeno conflituoso e contraditório. Uma política para a classe trabalhadora tem de ser contra o trabalho, apelando para o prazer e o desejo, ao invés de sacrifício e auto-negação.
  • O Socialismo Vai Ser Chato? – “O Socialismo não é sobre induzir uma branda mediocridade. É sobre libertar o potencial criativo de todos.

Notas:

[1] No original, “smog” [N.M.]

[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Renda_b%C3%A1sica_de_cidadania [N.M.]

[3] https://ominhocario.wordpress.com/2015/07/23/o-mito-do-antropoceno/ [N.M.]

[4] https://en.wikipedia.org/wiki/Pogo_(comic_strip) [N.M.]

[5] https://www.youtube.com/watch?v=P18UK5IMRDI [N.M.]

[6] Lembrando sempre que nos EUA, diferente do Brasil, a maior parte dos impostos pagos pela população são impostos de renda, progressivos, que sobem de porcentagem de acordo com a faixa de ganhos de cada pessoa. [N.M.]

[7] No caso brasileiro, pensar no Bolsa-Família – http://www.fns.usda.gov/snap/supplemental-nutrition-assistance-program-snap [N.M.]

[8] https://pt.wikipedia.org/wiki/Ascetismo_(filosofia) [N.M.]

[9] No original, “greenwash” – https://pt.wikipedia.org/wiki/Greenwashing [N.M.]

[10] https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/31/obsolescencia-planejada-armadilha-silenciosa-na-sociedade-de-consumo/ [N.M.]

[11] http://lounge.obviousmag.org/variando/2015/01/sweatshop-quando-a-escravidao-e-desconhecida.html [N.M.]

[12] No sentido de gerar o impulso e um certo consenso necessários em torno de um modelo de desenvolvimento de longo prazo baseado no investimento público em infra-estrutura. [N.M.]

[13] https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_keynesiana [N.M.]

[14] https://ominhocario.wordpress.com/2016/09/27/a-gente-trabalha-demais-mas-nao-precisa-ser-assim/ e https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/01/politicas-para-se-arranjar-uma-vida/ [N.M.]

[15] “Política Fiscal” é a política de arrecadação e gastos do governo. [N.M.]

[16] https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_neocl%C3%A1ssica [N.M.]

[17] https://en.wikipedia.org/wiki/Juliet_Schor [N.M.]

[18] http://neweconomics.org/ [N.M.]

[19] http://brasil.elpais.com/brasil/2016/09/09/economia/1473414757_799938.html [N.M.]

[20] http://www.truth-out.org/opinion/item/3419-less-work-more-living [N.M.]

[21] https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/01/politicas-para-se-arranjar-uma-vida [N.M.]

[22] https://libcom.org/files/__Debt__The_First_5_000_Years.pdf [N.M.]

[23] https://ominhocario.wordpress.com/2016/06/23/todo-poder-para-os-espacos-de-fazedores-1/ [N.M.]

[24] No sentido marxiano de alienação – http://colunastortas.com.br/2014/02/05/o-que-e-alienacao-em-marx/ [N.M.]

[25] No original, “payment-for-ecosystem-services” (PES)  [N.M.]

[26] https://ominhocario.wordpress.com/2016/11/20/neoliberalismo-a-ideologia-na-raiz-de-nossos-problemas/ [N.M.]

[27] No original, “Wages for Housework” – https://ominhocario.wordpress.com/2016/10/01/politicas-para-se-arranjar-uma-vida e  https://en.wikipedia.org/wiki/Wages_for_housework [N.M.]

[28] Não tinha ideia de como traduzir “environmental hand-wringing“ [N.M.]

[29] https://www.youtube.com/watch?v=IPS5jTwo1Tk [N.M.]

[30] No original, “tax and dividend” [N.M.]

[31] Enquanto isso, no Brasil de Temer e Serra… http://brasildebate.com.br/wp-content/uploads/Austeridade-e-Retrocesso.pdf [N.M.]

[32] https://pt.wikipedia.org/wiki/Michael_Hardt [N.M.]

[33] http://brasil.indymedia.org/media/2007/11/402799.pdf [N.M.]

[34] https://ominhocario.wordpress.com/2015/07/13/quatro-futuros/ [N.M.]

[35] https://pt.wikipedia.org/wiki/Ascetismo_(filosofia) [N.M.]

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