Vida Após o Capitalismo [Quatro Futuros – Conclusão]

[“Crise climática”, “mudanças ambientais”, “robôs inteligentes”, “robôs tomando empregos”: os impactos da Crise Climática e de novas tecnologias de Automação de postos de trabalho para o nosso futuro comum vêm sendo cada vez mais discutidos. Se os avanços tecnológicos da “Quarta Revolução Industrial” (em especial em campos como Inteligência Artificial, Robótica avançada, fabricação aditiva, etc) forem o suficiente para automatizarmos a maior parte das atividades que hoje são empregos, reduzindo a um mínimo a necessidade de trabalho humano, a produção de mercadorias através de trabalho assalariado estará superada – e, portanto, estaremos falando do fim do Capitalismo; a questão então é o que virá depois. Será que a possibilidade de toda essa automação é o bastante para garantir que ela vai ocorrer? Qual seria o impacto disso sobre as vidas das pessoas? Como as questões ambientais/climáticas entram nesse quadro? E as relações de propriedade e produção capitalistas e a Política, especificamente a Luta de Classes? Que tipo de cenários podemos esperar à partir do fim do Capitalismo?]

por Peter Frase, em Four Futures: Life After Capitalism [‘Quatro Futuros: Vida Após o Capitalismo’]

quatro-futuros

Parte da imagem de capa do áudio cd do livro Four Futures: Life After Capitalism

[Segue abaixo a conclusão do livro de Peter Frase “Four Futures: Life After Capitalism” (‘Quatro Futuros: Vida Após o Capitalismo’)Publicado em 2016, o livro expande as ideias contidas no artigo original de 2011, “Quatro Futuros“. Ambos tentam imaginar as possibilidades de futuro após o fim da produção de mercadorias através de trabalho assalariado e, com isso, do Capitalismo – partindo dos enormes avanços tecnológicos atuais e dos mais prováveis nas próximas décadas e imaginando que, no limite, essas tendências poderiam reduzir a um mínimo ou eliminar a necessidade de trabalho humano. O centro do argumento é que se chegarmos nesse ponto, o aspecto da sociedade vai depender basicamente de dois eixos principais: das futuras condições materiais (escassez ou abundância de recursos naturais e de fontes de energia limpa para os sistemas automatizados) e políticas (mais igualdade ou mais hierarquia, dependendo do sucesso ou do fracasso dos esforços das Esquerdas em domar a desigualdade e as hierarquias da sociedade atual). Da combinação de possibilidades nesses dois eixos temos os quatro futuros que o autor descreve, com o apoio de imagens da ficção científica e buscando as características de cada futuro em aspectos já verificados em nossa sociedade atual: Igualdade e Abundância (“Comunismo”), Igualdade e Escassez (“Socialismo”), Hierarquia e Abundância (“Rentismo”), Hierarquia e Escassez (“Exterminismo”) – basicamente, estamos falando de “dois socialismos” e “duas barbáries”. O livro assume aqui que se tratam de tipos ideais, de versões limites, de horizontes que provavelmente nunca aconteceriam como versões “puras”, mas que mesmo assim valem a reflexão sobre para quais direções estamos caminhando e o que podemos acabar construindo no caminho.

O autor enfatiza que escreveu o livro como uma resposta aos muitos textos e livros que têm surgido com uma visão tecnocrática sobre as consequências da automação, como se ela fosse, por si só, gerar um mundo de mais liberdade e bem-estar para todos. A mensagem é clara: os benefícios esperados não são automáticos, eles dependem de outras variáveis, principalmente dos efeitos das mudanças climáticas e do resultado da luta política no núcleo do Capitalismo (a famosa luta de classes entre os donos dos meios de produção e as pessoas que precisam vender seu tempo de trabalho a eles).

Antes do texto de conclusão, incluímos abaixo os links para os capítulos anteriores do livro.]

automacao Introdução: Tecnologia e Ecologia Como Apocalipse e Utopia

“Dois espectros assombram a Terra no século XXI: os espectros da catástrofe ecológica e da automação.”

comunismo

1. Comunismo: Igualdade e Abundância – [Um mundo em que a tecnologia tenha superado ou reduzido a um mínimo (e de forma sustentável) a necessidade de trabalho humano; em que esse potencial seja compartilhado com todos, eliminando a exploração e a alienação das relações de trabalho assalariado; onde as hierarquias derivadas do Capital tenham sido suplantadas por um modelo mais igualitário, agora capaz não só de sanar as necessidades de todos, mas de permitir o livre desenvolvimento de cada um, parece para muitos como um sonho de utopia inalcançável e ingênuo, onde não existiriam quaisquer conflitos ou hierarquias. Será mesmo?]

rentismo

2. Rentismo: Hierarquia e Abundância – [Uma distopia em que as elites capitalistas têm sucesso em manter seus privilégios e poderes, usando patentes e direitos autorais para bloquear e restringir para si o que poderia ser o livre-acesso universal à abundância possibilitada pelas conquistas do conhecimento humano, num cenário em que a própria escassez poderia ser deixada para trás mas não é, graças a esse poder político.]

socialismo

3. Socialismo: Igualdade e Escassez – [Se o fim do trabalho assalariado for alcançado em uma sociedade mais igualitária, democrática, sustentável e racional, ainda assim é possível que tenhamos de nos organizar para lidar com o estrago deixado no planeta pelo sistema capitalista, planejando, executando e administrando  projetos gigantescos de reconstrução, geo-engenharia e racionamento de recursos limitados. Em outras palavras, nesse caso provavelmente ainda precisaremos de algum tipo de Estado.]

exterminismo 4.Exterminismo: Hierarquia e Escassez – [E se chegarmos nesse ponto ainda divididos entre podres de ricos e “a ralé”? E se os recursos naturais de energia e de matérias-primas não forem o bastante para garantir uma vida luxuriante para todos? E se, do ponto de vista dos abastados, os ex-trabalhadores passarem a representar apenas um “peso inútil”, ou até mesmo, um risco “desnecessário”? Aqui somos confrontados por uma distopia de desigualdade e crueldade cujas raízes já podemos notar em muitas tendências atuais.]

Conclusão: Transições e Perspectivas

Este trabalho não é, como tenho enfatizado, um exercício de futurismo; não pretendo prever o curso preciso do desenvolvimento social. Não só essas previsões têm um histórico de desempenho terrível, elas produzem uma aura de inevitabilidade que nos encoraja a sentar e aceitar passivamente nosso destino. A razão pela qual há quatro futuros, e não apenas um, é porque nada acontece de forma automática. Cabe a nós determinar o caminho a seguir.

Os ativistas pela justiça climática atualmente estão lutando por soluções socialistas para as mudanças climáticas, ao invés de soluções exterministas – mesmo que eles não coloquem dessa maneira. E aqueles que estão lutando pelo acesso ao conhecimento, contra a propriedade intelectual estrita sobre tudo – desde sementes até música – estão lutando para impedir uma distopia rentista e para manter vivo o sonho do comunismo. Cobrir esses movimentos no nível de detalhes que merecem exigiria volumes próprios. Então, em vez de tentar um resumo impossível, vou fechar com alguns pensamentos sobre as complexidades que surgem quando pensamos sobre esse quatro futuros, não apenas como ideais ou utopias auto-contidas, mas como objetos de projetos políticos dinâmicos e contínuos.

Para qualquer um com tendências igualitárias e à Esquerda é fácil dizer que o rentismo e o exterminismo representam o lado do mal; o socialismo e o comunismo, as esperanças do bem. Isso pode ser adequado se concebermos essas sociedades ideais apenas como destinos finais ou como slogans para colocarmos em nossas bandeiras. Mas nenhum desses modelos de sociedades pretende representar algo que possa ser implementado da noite para o dia, em uma transformação completa das relações sociais atuais. Na verdade, provavelmente nenhum deles é possível em uma forma pura; a História é simplesmente confusa demais para isso, e as sociedades reais excedem os parâmetros de qualquer modelo teórico.

O que significa que devemos ficar particularmente preocupados com as estradas que conduzem a estas utopias e distopias, em vez da natureza exata do destino final. Especialmente porque o caminho que leva à utopia não é em si necessariamente utópico.

No Capítulo 1, sugeri um caminho particularmente fantástico e utópico para um destino utópico: o “caminho capitalista para o comunismo”, no qual a Renda Básica Universal [1] lubrifica o deslizamento rumo ao pleno comunismo. Mas essa transição implicaria destronar a elite ultra-rica que atualmente domina nossa política e economia. [2] A limitada experiência histórica com programas reais de renda básica sugere ser improvável que os ricos simplesmente assistam enquanto sua riqueza e seu poder desaparecem – e portanto haverá lutas difíceis.

Considere, por exemplo, o projeto piloto que foi executado em 2008 e 2009 em Otjivero-Omitara, na Namíbia.

Durante dois anos, todos na aldeia receberam um pagamento mensal de cem dólares da Namíbia (cerca de US $ 13). Em termos humanos, mesmo um rendimento básico tão mínimo foi um grande sucesso: o comparecimento à escola decolou, a desnutrição infantil despencou e até o crime diminuiu. [3] Mas isso não preocupava muito os fazendeiros brancos que constituíam a elite local. Eles insistiam, contra todas as evidências, em que a renda básica havia levado ao crime e ao alcoolismo. Dirk Haarmann, um economista e teólogo que ajudou a implementar o projeto de renda básica, especula que eles estavam “com medo de que os pobres ganhassem alguma influência e privassem os 20% brancos e ricos da população de parte de seus poderes”. [4] E talvez, mais imediatamente, estivessem preocupados com o fato de que $100 por mês tornassem os trabalhadores menos ansiosos para aceitar o salário mínimo de $2 por hora para o trabalho agrícola.

A transição para um mundo de abundância e igualdade, então, provavelmente será tumultuada e conflituosa. Se os ricos não renunciarem voluntariamente aos seus privilégios, eles teriam de ser expropriados pela força, e tais confrontos podem ter conseqüências terríveis para ambos os lados. Como Friedrich Nietzsche disse em um famoso aforismo: “Quem combate monstruosidades deve cuidar para que não se torne um monstro. Se você olha longamente para o abismo, o abismo também olha para dentro de você.” [5] Ou como o poeta comunista Bertolt Brecht escreveu em “Aos Que Virão Depois De Nós”, uma revolução contra um sistema brutal poderia, por si mesma, brutalizar aqueles que participaram dela.

E, contudo, sabemos

que também o ódio contra a baixeza

endurece a voz. Ah, os que quisemos

preparar terreno para a bondade

não pudemos ser bons. [6]

Ou, como Mao colocou em seu característico estilo contundente, “uma revolução não é o convite para um jantar”. [7] Em outras palavras, mesmo a revolução mais bem sucedida e justificada tem perdedores e vítimas.

Em uma carta de 1962 ao economista Paul Baran, o teórico crítico Herbert Marcuse observa que “ninguém jamais deu a mínima para as vítimas da História”. [8] A observação era dirigida à hipocrisia dos liberais que estavam ansiosos para moralizar sobre as vítimas do comunismo soviético, [9]  mas que silenciavam sobre o gigantesco custo humano do capitalismo. [10] É um julgamento áspero, talvez cruel, e o próprio Marcuse sugere a necessidade de avançar para além dele; mas fornece uma perspectiva importante sobre o exercício que empreendi aqui, ao permitir que vejamos que os quatro futuros da sociedade não se encaixam em caixas morais impecáveis.

Esse é um perigo, que subestimemos a dificuldade do caminho que devemos atravessar, ou que permitamos que a beleza do nosso ponto final dê licença a uma brutalidade ilimitada ao longo do caminho. Mas outra possibilidade é que, no final da jornada, esqueçamos o quão árdua foi ela e quem deixamos para trás. Walter Benjamin, em seu ensaio “Sobre o Conceito da História”, fala sobre o modo como as narrativas históricas necessariamente tendem a simpatizar com os vencedores, que geralmente são aqueles que escrevem a História. “Os que num dado momento dominam são os herdeiros de todos os que venceram antes. A empatia com o vencedor beneficia sempre, portanto, esses dominadores”. [11] Mas também podemos dizer que mesmo em uma sociedade sem governantes claros, a História tenderá a simpatizar com os sobreviventes; eles são, afinal, literalmente os únicos por aí para escrevê-la. Revisitemos, a esse respeito, os moradores do nosso primeiro futuro comunista. Talvez eles não estejam no final da estrada capitalista para o comunismo, no fim das contas, mas de uma jornada muito mais longa e sombria através dos horrores do exterminismo.

Vamos nos lembrar da problemática central do exterminismo: a abundância e a liberdade em relação ao trabalho são possíveis para uma minoria, mas os limites materiais tornam impossível estender o mesmo modo de vida a todos. Ao mesmo tempo, a automação tornou supérfluas as massas de trabalhadores. O resultado é uma sociedade de vigilância, repressão e encarceramento, sempre ameaçando decair em uma sociedade de genocídio escancarado.

Mas e se supormos que nós olhemos para esse abismo? O que resta quando os corpos “em excesso” forem descartados e os ricos finalmente forem deixados sozinhos com seus robôs e suas fortificações muradas? Os drones de combate e os carrascos robóticos poderiam ser decomissionados, o aparato de vigilância gradualmente desmantelado e a população restante poderia evoluir para além de sua brutal e desumanizadora moralidade de guerra, e se estabelecer em uma vida de igualdade e abundância – em outras palavras, em comunismo.

Como descendente de europeus nos Estados Unidos, tenho uma idéia de como isso pode ser – afinal, sou o beneficiário de um genocídio.

Minha sociedade foi fundada no extermínio sistemático dos habitantes originais do continente norte-americano. Hoje, os descendentes sobreviventes daqueles primeiros americanos estão suficientemente empobrecidos, pequenos em número e isolados geograficamente, que a maioria dos americanos pode ignorá-los facilmente ao longo de suas vidas. Ocasionalmente os sobreviventes forçam que prestemos atenção a eles. Mas na maioria das vezes, embora possamos lamentar a brutalidade de nossos antepassados, não contemplamos a ideia de desistir de nossas vidas prósperas ou de nossas terras. Como disse Marcuse, ninguém jamais se importou com as vítimas da História.

Distanciando a câmera um pouco mais, portanto, o ponto é que não necessariamente escolhemos um dos quatro futuros: podemos obtê-los todos, e há caminhos que levam de cada um para todos os outros.

Já vimos como o exterminismo se torna comunismo. O comunismo, por sua vez, está sempre sujeito à contra-revolução, se alguém puder encontrar uma maneira de reintroduzir uma escassez artificial e criar uma nova elite rentista. O socialismo está sujeito a essa pressão ainda mais severamente, uma vez que o maior nível de dificuldades materiais compartilhadas aumenta o ímpeto para que algum grupo se estabeleça como a elite privilegiada e transforme o sistema em um exterminismo.

Mas na ausência de um colapso civilizatório tão completo que nos isole de nosso conhecimento acumulado e que nos mergulhe em uma nova era das trevas, [12] é difícil ver uma estrada que nos leve de volta ao capitalismo industrial como o conhecemos. [13] Esse é o outro ponto importante deste livro: Não podemos voltar ao passado, e nem mesmo podemos nos agarrar ao que temos agora. [14] Algo novo está chegando – e na verdade, de certo modo, os quatro futuros já estão aqui, “distribuídos de forma desigual”, na frase de William Gibson. Cabe a nós construirmos o poder coletivo para lutarmos pelos futuros que desejamos.

Tradução: Everton Lourenço


Notas

[1]  ‘Renda Básica e o Futuro do Trabalho‘, de David Raventós e Julie Wark ; ‘Rumo a Uma Sociedade Pós-Trabalho‘, de David Frayne; ‘Vivo Sob o Sol, ‘de Alyssa Battistoni; ‘Políticas Para Se ‘Arranjar Uma Vida’‘, de Peter Frase; e, novamente ‘Comunismo Como Futuro Automatizado de Igualdade e Abundância‘, de Peter Frase. [N.M.]

[2] Na dúvida, ver “Uma Definição de Capitalismo”, de E. K. Hunt e Mark Lautzenheiser; “Por Que Socialismo?” , de Albert Einstein; “A Era do Capital Improdutivo”, de Ladislau Dowbor e Uma Economia Para os 99% , da Oxfam. Para entender como nos últimos anos essa elite tem concentrado cada vez mais poder, ver a introdução de George Monbiot sobre o Neoliberalismo para o jornal The Guardian: ‘Neoliberalismo, a Ideologia na Raiz de Nossos Problemas’, além de ‘Desabamento Contínuo: Neoliberalismo Como Estágio da Crise Capitalista, Rendição Social-Democrata, Revolta Popular Recente e as Aberturas à Esquerda’, de Robert Brenner. Outros bons textos sobre as características e contradições do Capitalismo podem ser encontrados em “Sobre Capitalismo [Leituras Temáticas #1] – O que é? Quais são suas características, problemas e limites?”; [N.M.]

[3] Não deixa de lembrar alguns efeitos positivos em regiões mais pobres de um projeto tão menos ambicioso como o Bolsa-Família. [N.M.]

[4] Dialika Krahe, “A New Approach to Aid: How a Basic Income Program Saved a Namibian Village” [“Uma Nova Abordagem Para A Ajuda: Como Um Programa de Renda Básica Salvou Uma Vila na Namíbia”], Spiegel Online International, Agosto de 2009.

[5]  Friedrich Nietzsche, “Beyond Good and Evil” [“Além do Bem e do Mal”], New York: Macmillan, 1907, p. 97.

[6] Bertolt Brecht, “Poems”, 1913–1956, London: Routledge, 1979.

Na versão traduzida e adaptada por Manuel Bandeira, os versos seguintes são:

Vós, porém, quando chegar o momento

em que o homem seja bom para o homem,

lembrai-vos de nós

com indulgência.

[7] Mao Tse Tung, “Quotations from Mao Tse Tung” [Livro Vermelho], Marxists.org, 1966.

https://pt.wikiquote.org/wiki/Mao_Ts%C3%A9-Tung

[8] Paul Baran and Herbert Marcuse, “The Baran Marcuse Correspondence” [“A Correspondência Entre Baran e Marcuse”], Monthly Review, Março de 2014.

[9] Ver “O Socialismo Não Termina Sempre Em Ditadura?“, de Joseph M. Schwartz; “O Marxismo é Uma Ideologia Assassina, Que Só Pode Gerar Miséria?“, e “O Comunismo Não Passa de Um Sonho de Utopia? Só Funcionaria Com Pessoas Perfeitas?”, ambos de Terry Eagleton. [N.M.]

[10] Aqui nem precisamos ir muito longe para contabilizarmos um custo humano gigantesco: Basta olharmos para duas guerras mundiais, para inúmeras guerras, agressões, invasões e desestabilizações imperialistas, inter-imperialistas e colonialistas e para a dura repressão a movimentos socialistas e democráticos, por toda a extensão dos séculos XIX e XX, adentrando no XXI. Porém, se quisermos ser mais exigentes na contagem desse custo, precisaríamos definir critérios para definir quais seriam as vítimas contabilizadas: mesmo se fôssemos pensar apenas em termos de mortos, onde pararíamos? Nos mortos pela fome? Pelas doenças facilmente tratáveis em países pobres (ou mesmo nos países ricos)? Pelos que não têm condições financeiras para bancar um bom tratamento para suas doenças? Pelas vítimas de enfartos e cânceres por uma alimentação podre incentivada para garantir o lucro dos maiores acionistas das grandes marcas alimentícias? Pelas doenças derivadas da poluição? Pelas vítimas de desastres gerados pelas mudanças climáticas, impulsionadas por práticas extremamente poluídoras das quais as empresas não podem escapar sem destruir seus modelos de negócios? Pelos que foram engolidos pelo desemprego e violência, seja depois dos cercos ingleses no século XVIII, seja no XXI, nas grandes cidades cada vez mais atulhadas e com menores oportunidades? Nas vítimas de programas de ajustes que destroem empregos, sistemas de bem-estar social? Nas vítimas de depressão, stress, ansiedade e tantas doenças e sofrimento mental ao viver sob valores e uma moral desumana, e que acabam sucumbindo com adoecimento corporal ou até mesmo suicídio? Mesmo sem ter a pretensão de ser exaustivo, é fácil ver que dependendo dos critérios adotados, o número das “vítimas do capitalismo”, esse grupo nunca lembrado pelo pessoal tão pronto a levantar monumentos pelas “vítimas do comunismo”.

Se nossos critérios não pararem nos mortos, podemos chegar a cada pessoa obrigada a vender sua força de trabalho na maior parte do seu tempo, em cada pessoa presa à pobreza ou a baixos salários, sejam nos países ricos, sejam nos países mantidos no sub-desenvolvimento pelas relações internacionais sob o Capitalismo.

Para uma lista de textos com as características e algumas das contradições e problemas do sistema capitalista, ver “Sobre Capitalismo [Leituras Temáticas #1] – O que é? Quais são suas características, problemas e limites?” [N.M.]

[11] Walter Benjamin, “On the Concept of History” trans. Dennis Redmond, Marxists.org, 1940.

[Em português, “Sobre o Conceito da História”]

[12] Referência à época conhecida hoje como Idade Média, período normalmente descrito como uma “Era das Trevas” durante a qual grande parte dos conhecimentos construídos durante a Antiguidade acabou sendo destruído ou mantido trancado em bibliotecas de mosteiros. Hoje essa descrição da Idade Média é contestada por muitos autores, mas não precisamos entrar nesse debate aqui. [N.M.]

[13] Lembrando que para Wolfgang Streeck existe o risco de que o Neoliberalismo esteja nos embarcando justamente na direção de uma tal “Era das Trevas”, antes mesmo que possamos alcançar o nível de automação sugerido neste livro. Ver “Como Vai Acabar o Capitalismo?” [N.M.]

[14] Como tentam desesperadamente os políticos neoliberais – ver ‘Realismo Capitalista e a Exclusão do Futuro’, de Mark Fisher; e “Não Há Alternativa?”, de Istvan Mészáros. [N.M.]


Leituras Relacionadas

  • Tecnologia e Ecologia Como Apocalipse e Utopia [Quatro Futuros – Introdução] – [Peter Frase] “Muito se tem falado sobre os impactos da Crise Climática e de novas tecnologias de Automação de postos de trabalho para o nosso futuro em comum. Como as relações de propriedade e produção capitalistas e a Política, especificamente a Luta de Classes, se encaixam neste quadro? Será que a possibilidade de automação quase generalizada seria o bastante para garantir que ela ocorrerá? Qual seria o impacto dela sobre as condições de vida das pessoas? Com base nesses elementos, que tipo de cenários podemos esperar à partir do fim do Capitalismo?”
  • Comunismo Como Futuro Automatizado de Igualdade e Abundância [Quatro Futuros – Cap. 1 – Comunismo: Igualdade e Abundância] – [Peter Frase] “Um mundo em que a tecnologia tenha superado ou reduzido a um mínimo (e de forma sustentável) a necessidade de trabalho humano; em que esse potencial seja compartilhado com todos, eliminando a exploração e a alienação das relações de trabalho assalariado; onde as hierarquias derivadas do Capital tenham sido suplantadas por um modelo mais igualitário, agora capaz não só de sanar as necessidades de todos, mas de permitir o livre desenvolvimento de cada um, parece para muitos como um sonho de utopia inalcançável e ingênuo, onde não existiriam quaisquer conflitos ou hierarquias. Será mesmo?
  • Rentismo: Um Futuro Automatizado de Abundância Bloqueada Pela Desigualdade [Quatro Futuros – Cap. 2 – Rentismo: Hierarquia e Abundância] – [Peter Frase] Na penúltima parte da série sobre possíveis futuros após o fim do Capitalismo, – com o fim do uso de trabalho humano assalariado na produção de mercadorias, extrapolando as tendências atuais de aplicação de tecnologias como Inteligência Artificial, Robótica, Fabricação Aditiva, Nanotecnologia, etc – encaramos uma distopia em que as elites do sistema capitalista atual têm sucesso em manter seus privilégios e poderes, usando patentes e direitos autorais para bloquear e restringir para si o que poderia ser o livre-acesso universal à abundância possibilitada pelas conquistas do conhecimento humano num cenário em que a própria escassez poderia ser deixada para trás.
  • Socialismo Como Futuro Automatizado e Igualitário em Resposta à Crise Ambiental [Quatro Futuros – Cap. 3 – Socialismo: Igualdade e Escassez]– [Peter Frase] Se os avanços tecnológicos da Quarta Revolução Industrial (em campos como Inteligência Artificial, Robótica avançada, fabricação aditiva, etc) forem o suficiente para automatizarmos a maior parte dos empregos, reduzindo a um mínimo a necessidade de trabalho humano, a produção de mercadorias através de trabalho assalariado estará superada – e, portanto, também o capitalismo. Se isso for alcançado em uma sociedade mais igualitária, democrática, sustentável e racional, ainda assim é possível que teremos de nos organizar para lidar com o estrago deixado no planeta pelo sistema capitalista, planejando, executando e administrando  projetos gigantescos de reconstrução, geo-engenharia e racionamento de recursos limitados. Em outras palavras, provavelmente ainda precisaremos de algum tipo de Estado.
  • Exterminismo: ‘Solução Final’ Num Futuro Automatizado de Desigualdade e Escassez [Quatro Futuros – Cap. 4 – Exterminismo: Hierarquia e Escassez] – [Peter Frase] A cada semana somos bombardeados por notícias sobre avanços tecnológicos assombrosos, que prometem diminuir, e muito, a necessidade de trabalho humano nas mais diversas atividades. De fato, podemos imaginar que em algum momento no futuro teremos a necessidade de muito pouco trabalho humano na produção de mercadorias. Mas e se chegarmos nesse ponto ainda divididos entre podres de ricos e “a ralé”? E se os recursos naturais de energia e de matérias-primas não forem o bastante para garantir uma vida luxuriante para todos? E se, do ponto de vista dos abastados, os ex-trabalhadores passarem a representar apenas um “peso inútil”, ou até mesmo, um risco “desnecessário”? No último capítulo sobre possíveis futuros automatizados com o fim do Capitalismo, somos confrontados por uma distopia de desigualdade e crueldade cujas raízes já podemos notar em muitas tendências atuais.
  • Quatro Futuros [artigo original de 2011] – [Peter Frase] Uma coisa de que podemos ter certeza é que o Capitalismo vai acabar; a questão, então, é o que virá depois.
  • Comunismo Verde Totalmente Automatizado – [Aaron Bastani] [O desafio das mudanças climáticas precisa de uma resposta à altura, que reconheça a sua dimensão, amplitude e a necessidade de mudanças profundas em nossas tecnologias, relações de produção, relações com a natureza, em nosso dia-a-dia e em nossas visões de mundo. Felizmente, depois de décadas de dominação quase absoluta do “realismo capitalista” e de suas propostas vazias de respostas à crise climática via mercado, vai se abrindo o espaço para uma proposta “populista” pela construção de uma alternativa radical que abrace a expansão e a democratização das tecnologias de energias renováveis, robótica fina, inteligência artificial, e produção aditiva como um projeto político a ser disputado, para a construção de uma sociedade focada na sustentabilidade e na socialização da abundância, do lazer, do bem-estar e da maior disponibilidade de tempo para as mais diversas atividades.]
  • Lingirie Egípcia e o Futuro Robô [Peter Frase] – O pânico sobre automação erra o alvo – o verdadeiro problema é que os próprios trabalhadores são tratados feito máquinas.”
  • Inovação Vermelha [Tony Smith] – “Longe de sufocar a inovação, uma sociedade Socialista colocaria o progresso tecnológico a serviço das pessoas comuns.”
  • Todo Poder aos “Espaços de Fazedores” [Guy Rundle] – “A impressão 3-D em sua forma atual pode ser um retorno às obrigações enfadonhas do movimento “pequeno é belo”, mas tem o potencial para fazer muito mais.
  • A Revolução Cybersyn [Eden Medina] – Cinco lições de um projeto de computação socialista no Chile de Salvador Allende.
  • Planejando o Bom Antropoceno – [Leigh Phillips e Michal Rozworski] O mercado está nos levando cegamente a uma calamidade climática – o planejamento democrático é uma saída.
  • Socialismo, Mercado, Planejamento e Democracia [Seth Ackerman, John Quiggin, Tyler Zimmer, Jeff Moniker, Matthijs Krul, HumanaEsfera] – “O socialismo promete a emancipação humana, com o alargamento da democracia e da racionalidade para a produção e distribuição de bens e serviços e o uso da tecnologia acumulada pela humanidade para a redução a um mínimo do trabalho necessário por cada pessoa, liberando seu tempo para o seu livre desenvolvimento. Como organizar uma economia socialista para realizar essas promessas?”
  • Elon Musk Não é O Futuro [Paris Marx] – “Os dirigentes das grandes empresas de tecnologia estão nessa apenas por eles mesmos, não pelo bem público.
  • Bill Gates Não Vai Nos Salvar [E Nem Elon Musk] – [Ben Tarnoff] Quando se trata de tecnologia verde, apenas o Estado pode fazer o que o Vale do Silício não pode.
  • O Lamentável Declínio das Utopias Espaciais [Brianna Rennix] – “Narrativas ficcionais são um fator enorme moldando nossas expectativas do que é possível. Infelizmente, utopias estão atualmente fora de moda, como a tediosa proliferação de ficção distópica e filmes de desastre parece indicar. Por que só “libertarianos” fantasiam sobre o espaço hoje em dia?”
  • Obsolescência Planejada: Armadilha Silenciosa na Sociedade de Consumo [Valquíria Padilha e Renata Cristina A. Bonifácio] – O crescimento pelo crescimento é irracional. Precisamos descolonizar nossos pensamentos construídos com base nessa irracionalidade para abrirmos a mente e sairmos do torpor que nos impede de agir
  • O Mito do Antropoceno [Andreas Malm] – Culpar toda a Humanidade pela mudança climática deixa o Capitalismo sair ileso.
  • Precisamos Dominá-la [Peter Frase] – “Nosso desafio é ver na tecnologia tanto os atuais instrumentos de controle dos empregadores quanto as precondições para uma sociedade pós-escassez.
  • Tecnologia e Estratégia Socialista [Paul Heidmann] – “Com poderosos movimentos de classe em sua retaguarda, a tecnologia pode prometer a emancipação do trabalho, ao invés de mais miséria.
  • Viver, Não Apenas Sobreviver – [Alyssa Battistoni] “Os movimentos da classe trabalhadora devem colocar a reprodução social e ecológica no coração de sua visão do futuro.
  • O Socialismo Vai Ser Chato? – “O Socialismo não é sobre induzir uma branda mediocridade. É sobre libertar o potencial criativo de todos.
  • Políticas Para Se ‘Arranjar Uma Vida’ [Peter Frase] – “O trabalho em uma sociedade capitalista é um fenômeno conflituoso e contraditório. Uma política para a classe trabalhadora tem de ser contra o trabalho, apelando para o prazer e o desejo, ao invés de sacrifício e auto-negação.
  • Os Robôs Vão Tomar Seu Emprego? [Nick Srnicek e Alex Williams] – “Com a automação causando ou não uma devastação nos empregos, o futuro do trabalho sob o capitalismo parece cada vez mais sombrio. Precisamos agora olhar para horizontes pós-trabalho.”
  • Robôs e Inteligência Artificial: Utopia ou Distopia? [Michael Roberts] – “Diz muito sobre o momento atual que enquanto encaramos um futuro que pode se assemelhar ou com uma distopia hiper-capitalista ou com um paraíso socialista, a segunda opção não seja nem mencionada.”
  • Robôs, Crescimento e Desigualdade – Mesmo uma instituição como o FMIvem notando as tendências que a automação de empregos devem gerar nas próximas décadas, incluindo um crescimento vertiginoso da desigualdade social, e a necessidade de compartilhar a abundância prometida por essas inovações.
  • Automação e o ‘Fim do Trabalho’ na Mídia Internacional Dominante 
  • Votando Sob o Socialismo – [Peter Frase] Vai ser mais significativo – mas esperamos que não envolva assembleias sem-fim.
  • Democratizar Isso [Michal Rozworski] – “Os planos do Partido Trabalhista inglês para buscar modelos democráticos de propriedade são o aspecto mais radical do programa de Corbyn, e um dos mais radicais que temos visto na política dominante em muito tempo.”
  • Economia e Planejamento Soviéticos e as Lições na Queda – [Paul Cockshott e Allin Cottrel] “Desde os anos 90 temos sido bombardeados por relatos sobre como a queda da União Soviética seria uma prova definitiva da impossibilidade de qualquer forma de Economia Planejada racionalmente, de qualquer forma de Economia Socialista, de qualquer forma de Socialismo – e de que não existiria alternativa para organizar a produção e o consumo das sociedades humanas a não ser o Capitalismo de Livre-Mercado. Será mesmo?
  • Vivo Sob o Sol [Alyssa Battistoni] – “Não há caminho rumo a um futuro sustentável sem lidar com as velhas pedras no caminho do ambientalismo: consumo e empregos. E a maneira de fazer isso é através de uma Renda Básica Universal. “
  • Um Mundo Socialista Não Significaria Só Uma Crise Ambiental Maior Ainda? [Alyssa Battistoni] – “Sob o Socialismo, nós tomaríamos decisões sobre o uso de recursos democraticamente, levando em consideração necessidades e valores humanos, ao invés da maximização dos lucros.
  • Rumo a um Socialismo Ciborgue [Alyssa Battistoni] – “A Esquerda precisa de mais vozes e de críticas mais afiadas que coloquem nossa análise do poder e de justiça no centro das discussões ambientais, onde elas devem estar.”
  • A Fantasia do Livre-Mercado [Nicole M. Aschoff] – “Designar o mercado como ‘natural’ e o Estado como ‘antinatural’ é uma ficção conveniente para aqueles casados com o status quo. O “capitalismo consciente”, embora atraente em alguns aspectos, não é uma solução para a degradação ambiental e social que acompanha o sistema de produção voltado ao lucro. A sociedade precisa decidir em que tipo de mundo deseja viver, e essas decisões devem ser tomadas por meio de estruturas e processos democráticos.”
  • O Ano em Que o Capitalismo Real Mostrou a Que Veio – [Jerome Roós] “Tudo que nós um dia deveríamos temer sobre o socialismo — desde repressão estatal e vigilância em massa até padrões de vida em queda — aconteceu diante de nossos olhos
  • Bill Gates, Socialista? [Leigh Phillips] – “Bill Gates está certo: o setor privado está sufocando a inovação em energias limpas. Mas esse não é o único lugar em que o Capitalismo está nos limitando.
  • Os Ricos Não Merecem Ficar Com a Maior Parte do Seu Dinheiro?“A riqueza é criada socialmente – a redistribuição apenas permite que mais pessoas aproveitem os frutos do seu trabalho.”
  • Contando Com os Bilionários [Japhy Wilson] – Filantropo-capitalistas como George Soros querem que acreditemos que eles podem remediar a miséria econômica que eles mesmos criam.
  • A Sociedade do Smartphone [Nicole M. Aschoff] – “Assim como o automóvel definiu o Século XX, o Smartphone está reformulando como nós vivemos e trabalhamos hoje em dia.”
  • Bill Gates e os 4 Bilhões na Pobreza [Michael Roberts] – “A pobreza global está caindo ou crescendo? Sabe-se que a desigualdade global vem aumentando rapidamente nas últimas décadas, mas muitos defensores do capitalismo se apressam para nos afirmar que, apesar disso, nunca estivemos melhor. Será mesmo?
  • Uma Economia Para os 99%relatório da Oxfam apresentando dados sobre a situação atual das desigualdades sociais; os mecanismos que as vêm reproduzindo e aprofundando mundo à fora; sobre como isso destrói qualquer possibilidade de democracia; e sobre possíveis medidas para superar esta situação;
  • Pikettyismos [Ladislau Dowbor] – “O livro de Thomas Piketty [documentando toda a trajetória da desigualdade no mundo desenvolvido desde o século XIX e provando que ela vem crescendo rapidamente nas últimas décadas, desde a virada para o Neoliberalismo] está nos fazendo refletir, não só na esquerda, mas em todo o espectro político. Cada um, naturalmente, digere os argumentos, e em particular a arquitetura teórica do volume, à sua maneira.”
  • ABCs do Socialismo
  • Por Que Socialismo? Albert Einstein explica, de maneira clara e objetiva, os problemas fundamentais que enxerga na sociedade capitalista e porque uma sociedade socialista poderia ser o caminho para superá-los.
  • Bancos, Finanças, Socialismo e Democracia – [Ladislau Dowbor, Nuno Teles e J. W. Mason] Os bancos são instituições centrais na articulação das atividades no sistema capitalista. Como essas instituições deixaram de cumprir suas funções básicas e passaram a estender seu domínio sobre toda a economia? Podemos ver o sistema financeiro como um ambiente “neutro” cujos resultados são os “naturais” gerados pelos “mercados”? Será que dividir os grandes bancos será o suficiente para resolver essa situação?
  • O Comunismo Não Passa de Um Sonho de Utopia? Só Funcionaria Com Pessoas Perfeitas? – [Terry Eagleton] “O Comunismo é apenas um sonho de ingenuidade, utopia e perfeição? Ele ignora a maldade e o egoísmo que estariam na essência da natureza humana? Um tal sistema precisaria que todos pensassem e agissem de uma única maneira, só poderia funcionar com pessoas perfeitas e harmoniosas como peças de relógio, nunca com os seres humanos diversos e falhos que realmente existem?”
  • Como Vai Acabar o Capitalismo? – [Wolfgang Streeck] “O epílogo de um sistema em desmantêlo crônico: A legitimidade da ‘democracia’ capitalista se baseava na premissa de que os Estados eram capazes de intervir nos mercados e corrigir seus resultados, em favor dos cidadãos; hoje, as dúvidas sobre a compatibilidade entre uma economia capitalista e um sistema democrático voltaram com força total.”
  • Neoliberalismo, A Ideologia na Raiz de Nossos Problemas – [George Monbiot] “Crise financeira, desastre ambiental e mesmo a ascensão de Donald Trump – o Neoliberalismo,  a ideologia dominante no ‘Ocidente’ desde os anos 80, desempenhou seu papel em todos eles. Como surgiu e foi adotado pelas elites a ponto de tornar-se invisível e difuso? Por que a Esquerda fracassou até agora em enfrentá-lo?”
  • Desabamento Contínuo: Neoliberalismo Como Estágio da Crise Capitalista, Rendição Social-Democrata, Revolta Popular Recente e as Aberturas à Esquerda – [Robert Brenner] Na fase atual do neoliberalismo, o capitalismo não é mais capaz de garantir crescimento e desenvolvimento semelhantes aos estágios anteriores. Nem mesmo se mostra capaz de garantir condições de vida aos trabalhadores e, assim, assegurar seu apoio ao sistema – passando a depender cada vez mais do medo imposto sobre os mesmos sobre a perda de seus empregos, sobre o futuro, e sobre repressão – e despertando revolta de massa à Esquerda e à Direita. O que se segue é uma tentativa inicial e muito parcial de apresentar como entendemos o panorama político de hoje; uma série de suas características notáveis; as aberturas que se apresentam aos movimentos e à Esquerda; e os problemas que a Esquerda enfrenta.
  • O Projeto Socialista e a Classe Trabalhadora – [David Zachariah] “As pessoas na Esquerda estão unidas em seu objetivo de uma sociedade em que cada indivíduo encontre meios aproximadamente iguais para o pleno desenvolvimento de suas capacidades diversas. O que distingue os socialistas é o reconhecimento de que a forma específica como a sociedade está organizada para reproduzir a si mesma também reproduz grandes desigualdades sociais nos padrões de vida, emprego, condições de trabalho, saúde, educação, habitação, acesso à cultura, meios de desenvolvimento e frutos do trabalho social, etc.
  • O País Já Não é Meio Socialista? – Não, Socialismo não é só sobre mais governo – é sobre propriedade e controle democráticos.
  • Pelo Menos o Capitalismo é Livre e Democrático, Né? – Pode parecer que é assim, mas Liberdade e Democracia genuínas não são compatíveis com o Capitalismo.
  • O Socialismo Soa Bem na Teoria, Mas a Natureza Humana Não o Torna Impossível de Se Realizar? – “Nossa natureza compartilhada na verdade nos ajuda a construir e definir os valores de uma sociedade mais justa.”
  • Os Ricos Não Merecem Ficar Com a Maior Parte do Seu Dinheiro?“A riqueza é criada socialmente – a redistribuição apenas permite que mais pessoas aproveitem os frutos do seu trabalho.”
  • Os Socialistas Vão Levar Meus CDs do Calypso? – Socialistas querem um mundo sem Propriedade Privada, não Propriedade Pessoal. Você pode guardar seus discos.
  • O Socialismo Não Termina Sempre em Ditadura? – O Socialismo é muitas vezes misturado com autoritarismo. Mas historicamente, Socialistas tem estado entre os defensores mais convictos da Democracia.
  • O Socialismo Não É Só Um Conceito Ocidental?O Socialismo não é Eurocêntrico por que a lógica do Capital é universal – e a resistência a ela também.
  • E Sobre o Racismo? Os Socialistas Não Se Preocupam Só Com Classe?Na verdade acreditamos que a luta contra o Racismo é central para desfazer o poder da classe dominante. 
  • O Socialismo e o Feminismo Não Entram Às Vezes Em Conflito?Em última análise, os objetivos do Feminismo radical e do Socialismo são os mesmos – Justiça e Igualdade para todas as pessoas.
  • Um Mundo Socialista Não Significaria Só Uma Crise Ambiental Maior Ainda? – “Sob o Socialismo, nós tomaríamos decisões sobre o uso de recursos democraticamente, levando em consideração necessidades e valores humanos, ao invés da maximização dos lucros.
  • Os Socialistas São Pacifistas? Algumas Guerras Não São Justificadas?Socialistas querem erradicar a guerra por que ela é brutal e irracional. Mas nós pensamos que existe uma diferença entre a violência dos oprimidos e a dos opressores. 
  • Por Que os Socialistas Falam Tanto em Trabalhadores?Os trabalhadores estão no coração do sistema capitalista. E é por isso que eles estão no centro da política socialista. 
  • Os Socialistas Querem Tornar Todos Iguais? Querem Acabar Com a Nossa Individualidade?
  • O Marxismo Está Ultrapassado? Ele Só Tinha Algo a Dizer Sobre a Inglaterra do Século XIX, e Olhe Lá?
  • O Marxismo é Uma Ideologia Assassina, Que Só Pode Gerar Miséria? – “O Marxismo é uma ideologia sanguinária e assassina, que só pode gerar miséria compartilhada? Socialismo significa falta de liberdade e uma economia falida?”

2 pensamentos sobre “Vida Após o Capitalismo [Quatro Futuros – Conclusão]

  1. Pingback: O que significa ser de esquerda – Jacobin Brasil

  2. Excelente artigo sobre os futuros… E.. Teriam como tratar dos futuros relacionados ao psionicismo-extrafisicismo (PsiExp) e das possíveis aplicações do mesmo para um futuro pós-capitalista ou mesmo um futuro de uma sociedade espiritualizada? Seria uma boa fazer alguns artigos tratando sobre o psionicismo-extrafisicismo, principalmente que o psionicismo-extrafisicismo, por mais espiritual e extrafísico que ele seja, ele é mais chegado a esquerda do que para o centro ou a direita.

    Curtir

Deixe um comentário