Sobre a teoria econômica do socialismo

Oskar Lange, na revista The Review of Economic Studies (1936, 1937)

montagem sobre ilustração de Lucy Rose

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Planejamento socialista após o colapso da União Soviética – De volta ao debate sobre o planejamento socialista #0

Para muitas pessoas, deve parecer que o colapso da União Soviética (e das economias planificadas do Leste Europeu) teria efetivamente encerrado o debate do cálculo socialista, com um veredito decisivo em favor do mercado. Argumentamos aqui que essa conclusão não se justifica. O socialismo soviético apresentava uma forma específica de planejamento com deficiências próprias, e seu colapso não exclui mecanismos alternativos de planejamento socialista. Neste artigo apontamos algumas das limitações específicas do modelo soviético e oferecemos algumas justificativas para a visão de que existem métodos alternativos de planejamento que são tecnicamente viáveis e potencialmente eficientes e justos.

por Allin Cottrell e W. Paul Cockshott, 1993 [0]

Montagem baseada em ilustração de C. Arrojo
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Mercado, equilíbrio e tendência à desigualdade

[Uma economia de mercado é um sistema inerentemente dinâmico, com atores cuja agência perturba continuamente qualquer possibilidade de se alcançar um equilíbrio mecânico como o esperado pelas teorias herdadas do século XIX, no qual a configuração do sistema permanece estática até que seja aplicada alguma força externa. Em uma modelagem probabilística, encontramos um tipo diferente de equilíbrio: um sistema pode estar em equilíbrio estatístico, mesmo enquanto sua configuração muda continuamente. É a distribuição das probabilidades entre as possíveis configurações do sistema o que permanece constante ao longo do tempo. No entanto, um equilíbrio desse tipo pode ferir profundamente a visão do capitalismo como um sistema ideal. ]

por Ian Wright, em “Classical Econophysics” (“Econofísica Clássica”), 2009

Colagem de Catherine Thomas | Flickr
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Desenvolvimento capitalista: padrões de longo prazo, tendências turbulentas e estruturas ocultas

[As economias capitalistas são caracterizadas por robustos padrões de longo prazo: as trajetórias do produto real, do investimento e da produtividade demonstram que o crescimento tem sido uma característica fundamental desse sistema – essa é a visão à distância, em que a ordem subjacente ao sistema domina a imagem. No entanto, um olhar mais atento sobre esses mesmos padrões mostra que o crescimento do sistema está sempre expresso por meio de flutuações recorrentes, pontuadas por “Grandes Depressões” periódicas – e aí é a desordem, com seus consequentes custos sociais, o que domina a visão. Este artigo tenta demonstrar como esses dois aspectos são inseparáveis, porque nesse sistema a ordem é alcançada por meio da colisão de desordens: é assim que a mão invisível funciona.]

por Anwar Shaikh, em Capitalismo: Competição, Conflitos e Crises

Montagem baseada em colagens de Tyler Hewitt e Alison Kurke | Flickr

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Von Mises e sua Praxeologia: Religião, Aristocracia, Racismo e Contradições

A tese defendida no artigo é de que o neoliberalismo de von Mises fundamenta-se em uma filosofia de inspiração religiosa e aristocrática. Defende-se que a teoria de von Mises contém um comprometimento com uma ontologia de dois mundos, inspirada pela filosofia de Tomás de Aquino. Tal ontologia de natureza religiosa ganha caráter secular com o argumento aristocrático, presente em sua teoria da história, sua visão da democracia e do funcionamento dos mercados. Conclui-se que o neoliberalismo de von Mises baseia-se em argumentos da reação feudal à ascensão do capitalismo, com o fim de preservar e justificar este último.

por André Guimarães Augusto, na Revista da SEP, 2016

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Não é Graças ao Capitalismo que Estamos Vivendo Mais, mas Graças a Políticas Progressistas

Ignore o conto de fadas habitual. Democracia, Sindicatos, Saúde e Educação: Essas são as forças que realmente importam.

por Jason Hickel, no The Guardian, em Novembro de 2019

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‘Em Manchester e Liverpool, as duas gigantes da industrialização capitalista, a expectativa de vida entrou em colapso.’ Crianças em Hulme, Manchester, 1954. Foto: Picture Post/Getty Images

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De Volta ao Debate Sobre o Planejamento Socialista II – Preços, Informação, Comunicação e Eficiência

[A análise dos aspectos econômicos da informação tem sido associada ao trabalho de Hayek, que enxerga o sistema de preços no mercado como um mecanismo de telecomunicação de informações e de adaptação a mudanças. As críticas de Hayek às possibilidades de um planejamento democrático da produção de bens e serviços, como apresentadas no artigo “O Uso do Conhecimento na Sociedade”, têm servido de base para enterrar qualquer forma de socialismo, mesmo para pessoas que resistem ao seu entusiasmo extremo por mercados irrestritos. Até que ponto as ideias de Hayek se sustentam, principalmente diante dos avanços posteriores na Teoria da Informação e na Ciência da Computação? Será que o sistema de mercado realmente é tão mais eficiente do que qualquer alternativa baseada no planejamento democrático socialista jamais poderia ser? Ou, pior, será que as ideias de Hayek realmente mostram que uma alternativa desse tipo não seria apenas menos eficiente, mas simplesmente impossível?]

Paul Cockshott e Allin Cottrell, 1994 (1997,2007, 2009)

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Montagem baseada em ilustração de C. Arrojo

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De Volta ao Debate Sobre o Planejamento Socialista I – Cálculo, Complexidade e Planejamento

Este artigo oferece uma reavaliação do debate sobre o cálculo socialista e examina até que ponto as conclusões desse debate deveriam ser modificadas sob a luz do desenvolvimento subsequente da teoria e da tecnologia da computação. Após uma introdução às duas principais perspectivas sobre o debate que foram oferecidas até o momento, examinamos o argumento clássico de von Mises contra a possibilidade de cálculo econômico racional sob o socialismo. Discutimos a resposta dada por Oskar Lange, junto dos contra-argumentos à Lange do ponto de vista austríaco. Finalmente, apresentamos o que chamamos de “resposta ausente”, isto é, uma reafirmação do argumento marxiano clássico por um cálculo econômico em termos de tempo de trabalho. Argumentamos que o cálculo por tempo de trabalho pode ser defendido como um procedimento racional, quando complementado por algoritmos que permitam que a escolha dos consumidores guie a alocação de recursos, e que tal cálculo é tecnicamente viável com o tipo de maquinário computacional atualmente disponível no Ocidente, com uma escolha cuidadosa de algoritmos eficientes. Nossa argumentação vai no sentido oposto das discussões recentes sobre planejamento econômico, que continuam afirmando que a tarefa seria de complexidade insolucionável.

Paul Cockshott e Allin Cottrell, 1993 (2004, 2008)

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Montagem baseada em ilustração de C. Arrojo

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Educação, Empreendedorismo, e Produtividade Individuais de Um Povo Realmente Explicam o Desenvolvimento de Um País?

por Ha-Joon Chang

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colagem de Ruben Martinho

[Nota do Minhocário: Os artigos abaixo lidam com 3 dos mitos que mais ouvimos (principalmente nas últimas décadas) para justificar a situação de subdesenvolvimento dos países mais pobres e dependentes, e para justificar a razão pela qual os países mais ricos teriam alcançado o seu nível de desenvolvimento: o nível da educação, a cultura empreendedora e a produtividade individual dos cidadãos desses países.]

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Geoengenharia Para o Povo: Todos os Meios que Forem Necessários

Precisamos de uma visão abrangente de reconstrução ecológica – e isso significa ter a geoengenharia como parte de nossa visão.

por Peter Frase, na Revista Jacobin

geo-engenharia

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