Sobre a teoria econômica do socialismo

Oskar Lange, na revista The Review of Economic Studies (1936, 1937)

montagem sobre ilustração de Lucy Rose

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Planejamento socialista após o colapso da União Soviética – De volta ao debate sobre o planejamento socialista #0

Para muitas pessoas, deve parecer que o colapso da União Soviética (e das economias planificadas do Leste Europeu) teria efetivamente encerrado o debate do cálculo socialista, com um veredito decisivo em favor do mercado. Argumentamos aqui que essa conclusão não se justifica. O socialismo soviético apresentava uma forma específica de planejamento com deficiências próprias, e seu colapso não exclui mecanismos alternativos de planejamento socialista. Neste artigo apontamos algumas das limitações específicas do modelo soviético e oferecemos algumas justificativas para a visão de que existem métodos alternativos de planejamento que são tecnicamente viáveis e potencialmente eficientes e justos.

por Allin Cottrell e W. Paul Cockshott, 1993 [0]

Montagem baseada em ilustração de C. Arrojo
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Socialismo digital? O debate do cálculo na Era do Big Data

O desenvolvimento de infraestruturas de avaliação e circuitos de retroalimentação digital oferece oportunidades à esquerda para que proponha melhores processos de descoberta, melhores soluções para a complexidade da organização social em ambientes em rápida transformação e melhores correspondências entre produção e consumo do que a concorrência no mercado e o sistema de preços poderiam fornecer.

por Evgeny Morozov, na New Left Review #116, 2019

Colagem de Philipp Igumnov | Flickr
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Comunismo e computadores: uma alternativa democrática para o século XXI

“O modelo proposto pretende mostrar a superioridade de uma economia socialista informatizada em relação ao modo de produção capitalista no plano econômico, por sua maior capacidade de desenvolver as forças produtivas, ao permitir a alocação dos recursos de um modo mais eficiente que o mercado, sem desperdícios materiais, desemprego e crise; e no plano democrático, ao permitir o controle social da produção, orientando o desenvolvimento econômico e social para metas livremente escolhidas pelo conjunto da sociedade, em contraste com a plutocracia capitalista, onde o corpo social está subordinado às exigências de valorização e acumulação de capital.”

por Maxi Nieto Ferrández

em “Ciber-comunismo: planificación económica, computadoras y democracia”,

de Paul Cockshott e Maxi Nieto Ferrández, 2017

Colagem com base em ilustração de M. Chinworth
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De Volta ao Debate Sobre o Planejamento Socialista II – Preços, Informação, Comunicação e Eficiência

[A análise dos aspectos econômicos da informação tem sido associada ao trabalho de Hayek, que enxerga o sistema de preços no mercado como um mecanismo de telecomunicação de informações e de adaptação a mudanças. As críticas de Hayek às possibilidades de um planejamento democrático da produção de bens e serviços, como apresentadas no artigo “O Uso do Conhecimento na Sociedade”, têm servido de base para enterrar qualquer forma de socialismo, mesmo para pessoas que resistem ao seu entusiasmo extremo por mercados irrestritos. Até que ponto as ideias de Hayek se sustentam, principalmente diante dos avanços posteriores na Teoria da Informação e na Ciência da Computação? Será que o sistema de mercado realmente é tão mais eficiente do que qualquer alternativa baseada no planejamento democrático socialista jamais poderia ser? Ou, pior, será que as ideias de Hayek realmente mostram que uma alternativa desse tipo não seria apenas menos eficiente, mas simplesmente impossível?]

Paul Cockshott e Allin Cottrell, 1994 (1997,2007, 2009)

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Montagem baseada em ilustração de C. Arrojo

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De Volta ao Debate Sobre o Planejamento Socialista I – Cálculo, Complexidade e Planejamento

Este artigo oferece uma reavaliação do debate sobre o cálculo socialista e examina até que ponto as conclusões desse debate deveriam ser modificadas sob a luz do desenvolvimento subsequente da teoria e da tecnologia da computação. Após uma introdução às duas principais perspectivas sobre o debate que foram oferecidas até o momento, examinamos o argumento clássico de von Mises contra a possibilidade de cálculo econômico racional sob o socialismo. Discutimos a resposta dada por Oskar Lange, junto dos contra-argumentos à Lange do ponto de vista austríaco. Finalmente, apresentamos o que chamamos de “resposta ausente”, isto é, uma reafirmação do argumento marxiano clássico por um cálculo econômico em termos de tempo de trabalho. Argumentamos que o cálculo por tempo de trabalho pode ser defendido como um procedimento racional, quando complementado por algoritmos que permitam que a escolha dos consumidores guie a alocação de recursos, e que tal cálculo é tecnicamente viável com o tipo de maquinário computacional atualmente disponível no Ocidente, com uma escolha cuidadosa de algoritmos eficientes. Nossa argumentação vai no sentido oposto das discussões recentes sobre planejamento econômico, que continuam afirmando que a tarefa seria de complexidade insolucionável.

Paul Cockshott e Allin Cottrell, 1993 (2004, 2008)

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Montagem baseada em ilustração de C. Arrojo

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Economia e Planejamento Soviéticos e as Lições na Queda

[Desde os anos 90 temos sido bombardeados por relatos sobre como a queda da União Soviética seria uma prova definitiva da impossibilidade de qualquer forma de Economia Planejada racionalmente, de qualquer forma de Economia Socialista, de qualquer forma de Socialismo – e de que não existiria alternativa para organizar a produção e o consumo das sociedades humanas a não ser o Capitalismo de Livre-Mercado. Será mesmo?]

por Paul Cockshott e Allin Cottrell

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Mulher apoia sua bolsa sobre monumento derrubado, 1991 | Foto: Alexander Nemenov | AFP | Getty Images


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Socialismo, Mercado, Planejamento e Democracia

O socialismo promete a emancipação humana, com o alargamento da democracia e da racionalidade para a produção e distribuição de bens e serviços e o uso da tecnologia acumulada pela humanidade para a redução a um mínimo do trabalho necessário por cada pessoa, liberando seu tempo para o seu livre desenvolvimento. Como organizar uma economia socialista para realizar essas promessas?

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O texto a seguir apresenta um debate sobre a organização da economia num futuro socialista, analisando os problemas das experiências soviéticas e do Leste Europeu e apresentando argumentos e críticas de propostas alternativas. Está dividido em três partes:

Parte I. O texto “O Vermelho e o Preto”, de Seth Ackerman, publicado pela revista Jacobin, que apresenta uma crítica do modelo de Economia Participativa; um relato histórico sobre o modelo de Planejamento Centralizado adotado pelas experiências soviéticas e do Leste Europeu, desmontando alguns mitos sobre seu insucesso mesmo em termos da teoria econômica dominante; e uma proposta de alternativa baseada num Socialismo de Mercado com bancos correntistas e bancos de investimento socializados.

Parte II. Alguns textos publicados como respostas críticas ao texto de Ackerman, analisando pontos positivos e limitações de sua crítica e de suas propostas, além de considerar alternativas, principalmente sobre as possibilidades de um Planejamento Democrático em algum nível.

Parte III. Um trecho de uma intervenção do coletivo Libcom em um debate com defensores do modelo de Economia Participativa em que defendem um modelo baseado na Subversão das Cadeias Logísticas, mostrando que a discussão sobre modelos de organização da economia socialista não se esgota em Socialismo de Mercado x Planejamento Democrático x Economia Participativa, que existe espaço para outras ideias muito interessantes.

Esse debate se conecta com questões discutidas em outras postagens como ‘Planejando o Bom Antropoceno‘, ‘Votando Sob o Socialismo’, ‘Socialismo Como Futuro Automatizado e Igualitário em Resposta à Crise Ambiental‘, ‘Bancos, Finanças, Socialismo e Democracia‘, ‘Democratizar Isso‘, ‘Economia e Planejamento Soviéticos e as Lições na Queda‘, ‘De Volta ao Debate Sobre o Planejamento Socialista I – Cálculo, Complexidade e Planejamento’ e ‘De Volta ao Debate Sobre o Planejamento Socialista II – Preços, Informação, Comunicação e Eficiência‘.

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