Geoengenharia Para o Povo: Todos os Meios que Forem Necessários

Precisamos de uma visão abrangente de reconstrução ecológica – e isso significa ter a geoengenharia como parte de nossa visão.

por Peter Frase, na Revista Jacobin

geo-engenharia

Por Quaisquer Meios Que Forem Necessários

na Revista Jacobin, agosto de 2017

No início de 2017, houve uma notícia amplamente divulgada sobre a morte da Grande Barreira de Corais. Esta maravilha natural, ao largo da costa da Austrália, se estende por mais de 100 mil quilômetros quadrados. Foi construída e mantida por milhares de anos por bilhões de pequenos organismos e sustenta uma complexa população de vida aquática.

O recife tornou-se mais uma vítima das mudanças climáticas induzidas pelo ser humano. [1] O culpado é um fenômeno conhecido como “branqueamento de corais”, causado pelo aquecimento das águas oceânicas. Os pólipos de corais que criam o recife super-aquecem e expelem as algas que vivem em seus tecidos, tornando-se brancas. Ao longo do tempo, isso leva à morte dos pólipos e, assim, à morte do ecossistema do recife.

O problema do branqueamento de corais tem sido conhecido há algum tempo, mas estudos recentes descobriram que o processo está avançando muito mais rápido do que o esperado – grandes áreas do recife já estão mortas. Em um artigo de março de 2017 no New York Times, um cientista australiano relata encontrar um nível de destruição que não se esperava ocorrer por trinta anos.

As reações à notícia seguiram narrativas ambientalistas previsíveis. Para alguns, foi água para o moinho da moralização verde, mais um testemunho do imperativo inegável de que precisamos mudar para um mundo com zero emissões de carbono. Para outros, foi um chamado desanimador ao niilismo. Afinal de contas, esta foi apenas a última demonstração de que as mudanças climáticas estão acontecendo muito mais rápido do que até mesmo os cientistas mais pessimistas acreditavam. Nessas circunstâncias, é fácil abandonar a esperança de que as instituições políticas possam enfrentar a crise na escala de tempo que ela exige.

Houve, no entanto, outra notícia sobre o recife, que sugeria um imaginário político diferente para a resposta à crise climática. Um grupo de pesquisadores da Universidade de Sydney divulgou um estudo no qual propunham proteger o recife por meio de uma técnica conhecida como “clareamento de nuvens”.

A idéia é simples de se descrever, ainda que radical em suas implicações ecológicas. O objetivo é simplesmente fazer as nuvens refletirem mais luz solar. Isso diminui a quantidade de luz que atinge a superfície da Terra, resfriando-a. Em uma das implementações mais consideradas, isso seria feito por navios atravessando o oceano, convertendo a água do mar em partículas de sal e depois espalhando essas partículas na atmosfera.

Os cientistas propuseram um esforço local de clareamento de nuvens, focado especificamente na proteção do recife. Ao evitar alguns graus de aquecimento, argumentaram eles, ainda pode ser possível salvá-lo.

Isso pode ou não ser realista. De fato, cálculos recentes sugerem que o tempo pode já ter se esgotado para a Grande Barreira de Corais. Mas os pesquisadores sugeriram uma abordagem para a crise climática que tem sido discutida em uma escala muito maior – que é extremamente controversa entre aqueles que estão preocupados com a quebra dos sistemas ecológicos que sustentam a civilização.

O Mundo que Fizemos

A “geoengenharia”, na definição oferecida pelo programa de geoengenharia da Universidade de Oxford, é “a intervenção deliberada em grande escala nos sistemas naturais da Terra para neutralizar as mudanças climáticas”. O clareamento de nuvens é apenas um item na agenda. Essas propostas implicam reduzir a quantidade de energia solar que atinge a Terra, como no caso do clareamento de nuvens, ou remover ativamente o dióxido de carbono da atmosfera através de algum tipo de captura e retirada. Tais idéias têm atraído o interesse de investidores ricos como Bill Gates e Elon Musk. [2]

É neste ponto que muitos na Esquerda pulam fora do navio. A geoengenharia pode ser facilmente descartada como uma fantasia, a repetição mais absurda de todas da ilusão prometeica de que podemos exercer domínio sobre o mundo natural.  [3] Mesmo que a possibilidade desses esforços seja reconhecida, é perturbador pensar que é nossa atual classe dominante que os implementaria, com sua combinação característica de pensamento arrogante de curto prazo e desprezo para com os trabalhadores. [4] E, finalmente, algumas pessoas simplesmente acham inaceitável interferir na natureza dessa maneira, rompendo os processos metabólicos da Terra.

A última objeção é a mais fácil de dispensar, mas também talvez a mais importante. Precisamos reconhecer que somos, e já há muito tempo, manipuladores e gerentes da natureza. Mesmo aqueles que reconhecem isso, em um suspiro ainda cairão em metáforas como “pegada de carbono” reduzida – como se pudéssemos apenas pisar mais levemente e permitir que a natureza se consertasse sozinha. Esta é, paradoxalmente, uma das posições mais antropocêntricas imagináveis, uma vez que presume que é o estado eterno e natural do mundo ser habitável para os seres humanos. Mas Deus não criou o mundo especificamente para nós. A história natural é indiferente aos seres humanos e a todos os outros seres vivos e é caracterizada por mudanças caóticas e extinções em massa, não pelo equilíbrio homeostático. [5]

Além do mais, nós já transformamos irreversivelmente o mundo natural, muitas vezes em nosso detrimento. “Quebrou, pagou!”, como diz a expressão do varejo. E, definitivamente, nós estamos pagando.

Este é o argumento defendido pelo jornalista de ciência Oliver Morton em seu discurso de 2015 a favor da geoengenharia, ‘The Planet Remade’. [‘O Planeta Refeito’] Nesse discurso, ele aborda a idéia popular do “Antropoceno”. O termo se origina com geólogos, que propuseram que nós deixamos para trás o período do Holoceno, [6] iniciando um estágio na história da Terra caracterizado especificamente pela transformação humana do ecossistema.  

Há críticas geográficas a esta proposta, mas também existem algumas críticas políticas sérias. Intelectuais de esquerda, como Elmar Altvater, Andreas Malm e Jason Moore, têm questionado toda a noção de “Antropoceno”. De acordo com esses críticos, seria melhor chamá-lo de “Capitaloceno”, uma vez que a degradação da natureza é na verdade atribuível aos métodos de acumulação de capital da classe dominante e não à civilização humana em geral. [ver a nota 1]

Embora este argumento seja baseado em análises históricas bem embasadas, ele é limitado como um guia para a Política. Acusar o Capitaloceno equivale a uma argumentação de origem em retidão moral: “foram vocês, elites dominantes que arruinaram o mundo, não nós!” Seja como for, qualquer sociedade que suceda ao capitalismo herdará o mundo que as sociedades anteriores construíram [7] – e nós já temos feito isso ativamente por mais tempo do que muitas pessoas conseguem perceber.

O livro de Morton ilustra isso por meio de uma intervenção na natureza que recebe bem menos atenção do que o ciclo do carbono que alimenta o aquecimento global: o ciclo do nitrogênio.

O nitrogênio é essencial para a vida, e é abundante na atmosfera. Porém, para ser utilizável para o crescimento de plantas, os átomos de nitrogênio inertes devem ser “fixados” a outro elemento, um processo que, durante milhões de anos, foi feito quase exclusivamente por bactérias do solo.

Isso até o capitalismo industrial surgir.

Tudo Termina em Merda

A história da gestão humana do ciclo do nitrogênio é literalmente uma história de merda. Nossa história começa na Europa do século XIX, com o químico alemão Justus von Liebig. Foi ele quem notou a importância do nitrogênio para o crescimento das plantas e, portanto, para o abastecimento de alimentos. Além disso, ele observou a maneira específica com que a industrialização capitalista rompeu o ciclo tradicional de nitrogênio.

Em uma sociedade agrária, a comida é consumida onde é cultivada, e os resíduos, sob a forma de estrume e composto, são devolvidos ao solo. Mas na Inglaterra vitoriana, esse ciclo foi interrompido pela industrialização, que atraiu um grande número de pessoas para as cidades. Lá, elas consumiam alimentos cultivados no campo. Os seus resíduos, em vez de retornar ao solo, iam parar nas ruas de Londres, produzindo imundície na cidade e diminuindo a fertilidade do solo no interior. Karl Marx, numa expressão mais tarde popularizada pelo sociólogo John Bellamy Foster, chamou essa disjunção no ecossistema de “fenda metabólica” [8] do capitalismo.

Isso, por sua vez, levou a Grã-Bretanha a enfrentar um problema geopolítico urgente: uma oferta insuficiente de fezes. Ao longo da costa do Peru foi descoberto que os pássaros, por milhares de anos, vinham depositando seus excrementos em ilhas, onde isso se acumulava em enormes quantidades numa substância rica em nitrogênio conhecida como “guano“. Isso podia ser usado como fertilizante, um substituto para o nitrogênio perdido por causa de uma economia urbanizada e um meio para escapar de qualquer limite malthusiano [9] de capacidade de um determinado território para alimentar uma população em crescimento. Durante o período do “imperialismo do guano”, guerras foram travadas para garantir esses suprimentos – mas, no final do século XIX, eles já haviam sido esgotados na maior parte.

Foi nesse ponto que as sociedades capitalistas deram um salto decisivo na gestão humana do ciclo do nitrogênio. Em 1909, o químico alemão Fritz Haber desenvolveu um processo para fixar artificialmente o nitrogênio na amônia, um processo que ainda é usado para produzir fertilizantes comerciais. Agora era possível escapar da dependência da merda, mas a um custo: o processo era extremamente intensivo em energia. Assim, voltamos à questão da crise climática – enquanto a geração de energia depender de combustíveis fósseis, todo alimento é, em essência, um produto do petróleo.

Décadas mais tarde, vivemos agora em um mundo onde mais nitrogênio é fixado em fábricas do que no solo e, conseqüentemente, podemos dar suporte a uma população global de mais de sete bilhões de pessoas. É claro que poderíamos suportar essa população de forma mais eficiente se estivéssemos livres da escassezes artificiais e dos desperdícios impostos pelo capitalismo. E a produção em excesso de nitrogênio, como a emissão em excesso de carbono, tem sérios impactos ambientais que os cientistas ainda estão tentando descobrir como abordar. Mas é difícil enxergar como poderíamos deixar completamente para trás a fixação industrial do nitrogênio, o primeiro grande projeto de geoengenharia da humanidade.

Planejando a Natureza

No entanto, a retórica de esquerda continua estando amplamente focada na redução de emissões, ao invés de na atenuação ou na adaptação aos efeitos das mudanças climáticas. Tomemos, por exemplo, o livro ‘This Changes Everything’ [“Isso Muda Tudo”] de Naomi Klein, que explica a urgência da crise climática e a incapacidade do capitalismo de lidar com ela. Klein observa corretamente que as demandas por redistribuição e justiça e um debate fundamental sobre os valores econômicos e sociais são pré-requisitos para soluções climáticas reais. Daí a sua sugestão de que lutar por uma renda mínima garantida [10] pode ser mais urgente do que políticas tecnocráticas, como um imposto sobre o carbono. Mas ela também inclui um capítulo sobre geoengenharia, em que o assunto é tratado com a resposta usual de esquerda, com rejeição, perturbação e desgosto.

O subtítulo do capítulo pergunta zombando se “a solução para a poluição é… poluição?” A atitude desdenhosa em relação ao assunto é, portanto, anunciada logo no início. Da mesma forma, com a citação de abertura de William James: “nossa ciência é uma gota, nossa ignorância é um mar”.

Justo. Porém, como já vimos, nossa ignorância nos levou ziguezagueando até um ponto onde nos fizemos os gestores de um ecossistema inteiro, gostemos disso ou não. Assim como não há uma maneira fácil de fugir da fixação industrial do nitrogênio, é difícil enxergar como poderíamos escapar de uma relação de emaranhamento cada vez maior com o sistema do carbono. Esse é ainda mais o caso, se levarmos a sério a insistência de Klein, e de muitos cientistas, de que as mudanças climáticas provavelmente serão mais severas e rápidas do que se esperava até alguns anos atrás. Ou seja, mesmo que passemos a zero emissões amanhã, o carbono que já foi emitido está aí para ficar e terá efeitos profundos.

Klein acha discussões sobre geoengenharia perturbadoras, pelo mesmo motivo que muitos ambientalistas de esquerda: elas ameaçam ser uma distração da tarefa de transformar nossos sistemas energéticos, políticos e econômicos. Ela observa que o mais popular dos planos agressivos de geoengenharia “não faz nada para mudar a causa subjacente das mudanças climáticas, o acúmulo de gases que capturam o calor”. Isso é, sem dúvida, verdade.

Deixando de lado os charlatães como Newt Gingrich, ninguém acredita que a geoengenharia é uma alternativa a se mudar para um sistema de energia com zero carbono. Em vez disso, faz parte de uma estratégia que combina mitigação e adaptação com descarbonização. Mas a preocupação política é que, até mesmo discutir a manipulação ativa do clima, acobertaria os que usariam esses esquemas como uma desculpa para o capitalismo de combustíveis fósseis continuar os negócios como de costume. Isso posto, algumas pessoas na esquerda perguntam: não podemos simplesmente deixar todas essas coisas para depois da revolução ecossocialista?

Mas colocar na mesa essa conversa nesses termos por si só habilitaria nossos inimigos – e nossos “amigos só de tempo bom”. Afinal, não são apenas trapaceiros empreendedores de tecnologia que iniciaram a estrada em direção à manipulação climática. O aparato da governança global neoliberal também está de olho na geoengenharia.

Considere, por exemplo, a ‘Carnegie Climate Geoengineering Governance Initiative’ ou o “c2g2” [algo como “Iniciativa Carnegie de Governança de Geoengenharia Climática”]. Este é um projeto do ‘Carnegie Council for Ethics in International Affairs’ [“Conselho Carnegie para a Ética em Assuntos Internacionais”], uma organização sem fins lucrativos, cujas origens remontam ao barão ladrão Andrew Carnegie, do século XIX. A c2g2 adota uma visão cautelosa da geoengenharia, afirmando que, embora não sejam “à favor ou contra a pesquisa, o teste ou o uso potencial de tecnologias de geoengenharia climática”, eles vêem a necessidade de “uma discussão mais ampla e por toda a sociedade sobre os riscos, os benefícios potenciais, desafios éticos e de governança criados pela geoengenharia de clima”.

Em princípio, isso parece uma perspectiva sensata, até louvável. Certamente, isso é preferível do que colocar nossa fé em atores privados que não precisam prestar contas para ninguém. Mas o c2g2 é uma cria da ordem capitalista transnacional, e seu conselho está povoado por funcionários da ONU e de ONGs. Se não for criado incômodo para eles, uma “discussão com toda a sociedade” sobre a manipulação climática envolverá apenas as mesmas elites que nos deram órgãos de governança transnacionais como a Organização Mundial do Comércio e a União Européia.

É por isso que a esquerda não pode ignorar esses debates; porque resulta que a geoengenharia não é realmente tão única, ou tão diferente de toda uma série de questões que hoje nos confrontam: É mais um problema que tem escopo global, enquanto nossos movimentos permanecem persistentemente de caráter local. Construir solidariedade internacional é necessário para que possamos apresentar alternativas tanto às visões tecno-utópicas quanto às de liberais-do-tipo-ongs sobre a política climática. [11]

Essa é uma das razões para termos discussões abertas sobre geoengenharia na esquerda: se não o fizermos, a burguesia simplesmente levará em frente seu trabalho sem nós. Mas há outro motivo também: Embora a perspectiva da geoengenharia como uma distração em relação à urgência de acabar com os combustíveis fósseis seja alarmante, devemos também estar atentos a outra armadilha que se encontra na direção oposta. Simplesmente, aqueles que querem enfatizar a severidade da crise climática encontram-se presos entre dois imperativos contraditórios.

Por um lado está a necessidade de convencer as pessoas de que, como diz o título do livro de Klein, isso muda tudo: As rápidas mudanças climáticas são uma realidade, e o capitalismo só pode responder de maneiras que às vezes são ineptas e às vezes, desumanas. [12] Nesta perspectiva, falar de qualquer outra coisa que não seja a necessidade imediata de reduzir a zero as emissões de carbono seria alimentar os argumentos delirantes ou dissimulados daqueles que dizem que não precisaríamos mudar quase nada e que poderíamos confiar em algumas correções técnicas para resolver o problema.

No entanto, uma ênfase no apocalíptico também tem desvantagens severas. A jornalista Sasha Lilley tem advertido contra os perigos do “catastrofismo”. Ela argumenta que “a consciência da escala ou da severidade da catástrofe não leva inevitavelmente alguém a mudar na direção de uma política radical”. Em vez disso, isso pode encorajar a passividade e a quietude. Isso pode assumir a forma pessimista da antecipação de um desastre inevitável, ou a convicção otimista de que o sistema atual necessariamente cairá e será substituído por algo melhor. Nenhuma das versões motiva a ação política.

Este é o propósito de se explorar a perspectiva da geoengenharia em um contexto à esquerda – não como um substituto da descarbonização, mas como parte de um quadro maior de ecossocalismo. Imaginar esse retrato importa, porque a esquerda sempre se motivou para a luta imediata olhando para uma visão de um mundo melhor no futuro. E para que essa visão pareça tanto realista quanto atraente hoje, ela deve abranger tanto o fim dos combustíveis fósseis quanto a intervenção ativa sobre o clima. Caso contrário, nos sobra imaginar um futuro de austeridade e auto-sacrifício na melhor das hipóteses, e de morte apocalíptica na pior. [13]

O aspecto dessa intervenção ainda é uma questão do debate científico, embora seja um tema cada vez mais urgente. Morton se inclina na direção de um programa de pulverização de partículas de aerossol na atmosfera superior, reduzindo assim a quantidade de energia solar que atinge a Terra e agindo contra o efeito estufa do dióxido de carbono. Outras propostas envolvem remover ativamente o co2 da atmosfera e enterrá-lo permanentemente. Mesmo o plantio em massa de árvores, que absorvem co2, pode ser considerado uma forma de geoengenharia.

Alguns, incluindo Klein, se opõem a tudo isso com base em que isso nos comprometeria permanentemente com um projeto de planejamento ecológico controlado por humanos, “levando nossos ecossistemas ainda mais longe da auto-regulação”. Mas o capitalismo já nos comprometeu com esse percurso muito tempo atrás. Ela também se preocupa com um correlato ecológico de sua famosa “doutrina de choque”, na qual “todos os tipos de oposição sensata derretem e todos os tipos de comportamentos de alto risco parecem temporariamente aceitáveis” diante de uma aguda crise ambiental.

A comparação permanece verdadeira, mas não da maneira que Klein pretende. O neoliberalismo [14] da doutrina de choque [15] foi uma resposta à crise real do capitalismo de bem-estar social do pós-guerra, uma crise que pegou a esquerda completamente despreparada. E se não prepararmos uma visão abrangente da reconstrução ecológica, não é irracional se preocupar que a classe dominante – sejam os membros das elites tecnológicas, como Bill Gates, ou os burocratas de um c2g2 – vai aparecer com a sua versão, e a impor pela força.

O que importa é, em última análise, menos as técnicas de geoengenharia do que a forma como são implementadas e por quem. Dessa forma, a geoengenharia assemelha-se aos organismos geneticamente modificados [ou “transgênicos”]: não são intrinsecamente condenáveis, mas são potencialmente monstruosos quando desenvolvidos pelo agronegócio capitalista com o objetivo de maximizar seu lucro.

Em resposta às acusações de arrogância e Prometeísmo, é também importante enfatizar que embora aceitemos a inevitabilidade de tentarmos “planejar” a natureza, o projeto socialista não visa controlar a natureza. [16] A natureza nunca está sob nosso controle, e sempre há consequências não desejadas. Mas assim como não podemos confiar nem no mercado nem em uma elite política para produzir automaticamente resultados econômicos justos, [17] não podemos assumir que uma natureza intocada nos proporcionará um mundo seguro e abundante no qual viver, neste ou em qualquer outro sistema social. E assim, no processo para alcançar a ordem pós-escassez que o biólogo marxista David Schwartzman chama de “comunismo solar“, vamos assumir a tarefa de limpar a bagunça que o capitalismo criou e de criar um antropoceno mais racional, democrático e igualitário do que aquele que agora habitamos. [ver nota 16]

Talvez isso nem importe. Talvez as mudanças climáticas já tenham ido longe demais, e a geoengenharia seja um mero sonho ingênuo – ou pior, algo que criará efeitos colaterais não intencionais que apenas acelerarão nossa queda. Mas a única alternativa à torcer pelo melhor é resignar-nos com o pior. O projeto socialista está baseado na esperança emancipatória de que, nas palavras d’A Internacional, “um mundo melhor está nascendo”. [18] Se assim for, ele não nascerá a menos que o ajudemos vir à luz.


Geoengenharia Para o Povo

em seu blog PeterFrase.com, julho de 2018

Um novo grupo de organizadores relançou a maravilhosa ‘Science for the People’ [“Ciência Para o Povo”], revivendo um projeto originado no movimento anti-guerra dos anos 60, e que já foi representado por pessoas como Stephen Jay Gould. É um desenvolvimento bem-vindo e muito necessário, e todos devem conhecê-los e apoiá-los.

A primeira edição da publicação revivida pelo grupo trata do tema da geoengenharia, uma questão sobre a qual já escrevi um pouco. [texto publicado acima] A perspectiva de tentarmos manipular diretamente o clima da Terra, a fim de mitigar os efeitos das mudanças climáticas, está começando a parecer cada vez mais uma realidade, talvez uma necessidade. Assim, uma intervenção de cientistas com uma sólida base política de esquerda é oportuna e urgente.

O tom da edição – e do evento de lançamento que visitei recentemente em Nova York – poderia talvez ser descrito como “contra” a geoengenharia num sentido amplo. Isso não quer dizer que esquemas de manipulação climática sejam rejeitados por completo: a contribuição de Holly Jean Buck postula um “melhor cenário” para extrair e armazenar o carbono atmosférico, uma das duas principais estratégias de geoengenharia que são comumente discutidas.

Mas o tom é definido por Erik Wallenberg e Ansar Fayyazuddin, que usam meus próprios argumentos, juntamente com os de outros autores, para fundamentar sua argumentação contra o que eles vêem como “um foco estreito em aspectos técnicos” das mudanças climáticas, como estando contra a necessidade de transformar radicalmente a economia política do capitalismo que sustenta a destruição ecológica.

O que me impressiona sobre grande parte do debate sobre geoengenharia na esquerda, no entanto, é precisamente que, muitas vezes, ele se resume a um contraste de tons – o que não quer dizer que o debate seja superficial ou irrelevante; nesse caso, as diferenças de tom e de ênfase têm importantes implicações políticas.

Na antologia da ‘Science for the People’, autores como Wallenberg e Fayyazuddin, junto de outros como o sociólogo John Bellamy Foster, retratam os esquemas de geoengenharia como um ardil perigoso para nos distrair da necessidade de um futuro de zero carbono, e para dar ao capitalismo de combustível fóssil um álibi para continuar com os negócios de sempre. É “uma maneira de defender uma estratégia econômica e tecnológica eco-modernista”, como Foster coloca, com referência explícita à recente edição da Jacobin que contém meus próprios pensamentos sobre o assunto. [texto publicado acima]

O alvo dessas críticas, no entanto, é uma proposição que todos os “proponentes” da geoengenharia genuinamente de esquerda, inclusive eu, rejeitamos: a ideia de que qualquer esquema de manipulação climática – sejam as formas mais suaves de captura de carbono, ou o projeto mais ambicioso de impedir que uma parte da luz solar atinja a Terra – poderia ser considerado um substituto para o fim do uso de combustíveis fósseis ou para a superação do modo capitalista de produção. Com certeza, essa pode ser a perspectiva geral de Bill Gates e de outros entre os suspeitos de sempre dos vilões da classe dominante que surgem em ataques à geoengenharia. Porém, quando aplicada a disputas internas à esquerda, ela mira num espantalho.

Para a linha anti-geoengenharia, portanto, acaba sobrando cair de volta no argumento de que mesmo brincar com estratégias de manipulação climática seria uma distração perigosa, e ajudaria aquelas forças que realmente pretendem apontar para tecno-ajustes especulativos como uma desculpa para manter o percurso destrutivo do capitalismo fóssil. Mas a fraqueza dessa estratégia retórica deriva de algo que qualquer analista sério, em qualquer aspecto desse debate, precisa reconhecer: já estamos muito além do ponto de não retorno.

Isto é, suponha que pudéssemos eliminar completamente o uso de combustíveis fósseis e derrubar o capitalismo global imediatamente. Se você duvida que isso é o que os ecossocialistas reais estão sugerindo, não precisa procurar nada além do texto de John Bellamy Foster, que começa exigindo “uma moratória emergencial sobre o crescimento econômico nos países ricos, associada à redistribuição de renda e riqueza para baixo” e segue daí. Não é que eu me oponha a este programa em si, mas não acho que Foster ou qualquer outra pessoa realmente o veja como uma possibilidade iminente, em oposição ao trabalho aos trancos e barrancos, com vitórias parciais ao longo de anos e décadas.

Mas mesmo se isso acontecesse, ainda estaríamos diante do legado dos séculos passados de emissões de carbono: um ambiente do antropoceno com níveis de carbono muito acima daqueles atestados em qualquer outro momento da história humana registrada, e com efeitos amplamente previsíveis sobre o clima e os níveis do mar. Também por isso rejeito as tentativas bem-intencionadas de ecologistas de esquerda de renomear nossa era como o “capitaloceno”. O capitalismo pode ter sido culpado por criar nossa atual era geológica, mas é o seu sistema sucessor que será encarregado de se adaptar a esta nova era. [ver nota 16]

Portanto, se vamos viver permanentemente no período do antropoceno, e se níveis de carbono atmosférico drasticamente elevados já estão “cozidos”, para usar uma metáfora ameaçadora, o que isso significa para o debate da geoengenharia? As repreensões anti-geoengenharia não estão erradas em alertar que a perspectiva de tecno-ajustes mágicos pode ser usada para afastar as transformações estruturais de nossa economia política que são realmente necessárias. Onde eles estão errados, acredito, é em imaginar que eles podem produzir um argumento atraente e convincente para a sua posição, simplesmente repetindo a ladainha dos crimes do capital contra a natureza, e invocando a necessidade de um pós-capitalismo ecologicamente racional.

Uma vez reconhecida a realidade das mudanças climáticas já existentes, há apenas dois caminhos a percorrer. Uma é simplesmente repetir o mantra “isso é tudo uma distração da principal luta, contra o capitalismo!” O que, de novo, não é falso – só não será convincente para quem estudou seriamente o assunto. A outra opção é acabar como o escritor socialista de ficção científica Kim Stanley Robinson que, em uma entrevista recente, defende uma abertura à manipulação climática intencional e nos chama a “escolher por colocar a ciência, a tecnologia, a engenharia e a medicina para fazer um bom trabalho pelos humanos e pela biosfera, em vez de deixá-los para serem comprados para servir ao lucro para os poucos mais ricos. ”

Na mesma entrevista, Robinson expressa seu desconforto com “geoengenharia” como um termo, preferindo “geo-refinamento” ou “geo-ajuste” [19] porque “‘engenharia’ implica que sabemos o que estamos fazendo mais do que realmente sabemos.” Mas ler isso me levou a reconhecer outra coisa, um problema diferente com a abordagem retórica dos argumentos anti-geoengenharia na esquerda ecossocialista.

Certamente é verdade que qualquer tentativa de mitigar diretamente as mudanças climáticas será descuidada, imprevisível e repleta de conseqüências não intencionais. Mas a força do tom anti-prometéico do “não mexa com a mãe natureza” de muitas arengas anti-geoengenharia depende da afirmação implícita de que não estamos já profundamente implicados na regulação feita pelo homem (e especificamente feita pelo capitalista) do intercâmbio humano com o resto do ecossistema. É por isso que grande parte da minha contribuição para essa conversa foi sobre uma descrição da agricultura moderna, dos fertilizantes artificiais e do ciclo de nitrogênio da Terra. O que eu queria mostrar é que o argumento pela geoengenharia não é “vamos, pela primeira vez, assumir o empreendimento arrogante de controlar a natureza”; pelo contrário, seria “vamos levar em conta o projeto massivo de geoengenharia em que já estamos envolvidos e tentar empurrá-lo em uma direção igualitária e ecologicamente sensata.”

Em vez de renomear a geoengenharia, como Robinson propõe, prefiro encontrar uma maneira diferente de colocar a questão subjacente sobre do que se trata o debate sobre a geoengenharia. A maneira como é comumente colocada é: “devemos empreender experimentos imprevisíveis e perigosos para alterar as condições fundamentais da vida na Terra?” Uma base melhor, sugiro, seria: “será que podemos nos apropriar do experimento imprevisível e perigoso que o capitalismo começou a conduzir centenas de anos atrás, e colocá-lo numa direção ecossocialista?” Se não pudermos, temo que todos os nossos alertas sobre a trajetória destrutiva do capitalismo fóssil vão se amontoar com tantas outras lamentações ineficazes, de pouco conforto para as massas sufocantes que virão depois de nós.

Tradução: Lenna Nascimento

Revisão: Everton Lourenço


Notas

[1] ver O Mito do Antropoceno, de Andreas Malm. [N.M.]

[2] Ver Bill Gates, Socialista?, de Leigh Phillips; Bill Gates Não Vai Nos Salvar [E Nem Elon Musk], de Ben Tarnoff; Elon Musk Não é O Futuro, de Paris Marx; Planejando o Bom Antropoceno, de Leigh Phillips e Michal Rozworski; Comunismo Verde Totalmente Automatizado, de Aaron Bastani; ‘A Fantasia do Livre-Mercado’ de Nicole M. Aschoff.  [N.M.]

[3] Prometeu, na mitologia grega, foi um titã que roubou dos deuses o fogo e o deu aos seres humanos, sendo castigado por Zeus por toda eternidade por isso. Entendo a ideia de uma “ilusão prometeica” no sentido da ideia de que poderíamos ter “o que é dos deuses”, o conhecimento e o domínio sobre a Terra. [N.M.]

[4] Alguns textos para entender os problemas da classe capitalista, seu poder atual e os riscos de suas visões para o futuro da humanidade: Por Que Socialismo?, de Albert Einstein;  Uma Economia Para os 99% (relatório da Oxfam); Pikettyismos, de Ladislau Dowbor; Uma Definição de Capitalismo, de E. K. Hunt e Mark Lautzenheiser; Pelo Menos o Capitalismo é Livre e Democrático, Né?, de Erik Olin Wright; Os Ricos Não Merecem Ficar Com a Maior Parte do Seu Dinheiro?, de Michael A. McCarthy; Rentismo: Um Futuro Automatizado de Abundância Bloqueada Pela Desigualdade, de Peter Frase; Exterminismo: ‘Solução Final’ Num Futuro Automatizado de Desigualdade e Escassez, de Peter Frase. [N.M.]

[5] Sistemas homeostáticos, segundo a wikipedia, são sistemas “[…] extremamente estáveis; toda a sua extensão e organização, interna, estrutural e funcional, contribui para a manutenção do equilíbrio.” É interessante notar que muitos defensores do “liberalismo econômico” acreditam que sistemas baseados em mercados poderiam ser classificados dessa maneira. [N.M.]

[6]  O holoceno seria o período no qual a humanidade se desenvolveu, num clima mais ameno e agradável, após as grandes eras glaciais. [N.M.]

[7] Ver Socialismo Como Futuro Automatizado e Igualitário em Resposta à Crise Ambiental’, de Peter Frase. [N.M.]

[8] “fenda metabólica” ou “ruptura metabólica”, dependendo da tradução. [N.M.]

[9] Malthus foi um economista do final do século XVIII e início do XIX que alertava para uma catástrofe iminente por causa do crescimento populacional humano. Para ele, a humanidade cresceria em progressão geométrica, enquanto os recursos necessários à vida, como os alimentos, crescem em progressão aritmética. O catastrofismo populacional, as acusações de “superpopulação” e as demandas por controles populacionais são até hoje vinculados ao nome dele. [N.M.]

[10] Vários textos aqui n’O Minhocário discutem diferentes aspectos e razões no debate sobre uma “Renda Mínima Universal” (também conhecida como “Renda Básica Universal”, “Renda Mínima Garantida”, “Renda Cidadã”, entre outros nomes). Nas palavras de Peter Frase, “ Trata-se simplesmente da proposta de conceder a cada pessoa uma quantia garantida de dinheiro que ela receberia de forma absolutamente incondicional, independentemente de trabalho ou qualquer outra qualificação. Idealmente, a concessão seria estabelecida alta o suficiente para permitir que as pessoas vivam em um nível de decência básica, elas trabalhando ou não.Ver  ‘Renda Básica e o Futuro do Trabalho‘, de David Raventós e Julie Wark ; ‘Políticas Para Se ‘Arranjar Uma Vida’‘,  ‘Comunismo Como Futuro Automatizado de Igualdade e Abundância‘ e ‘Socialismo Como Futuro Automatizado e Igualitário em Resposta à Crise Ambiental’, de Peter Frase; ‘Vivo Sob o Sol’, de Alyssa Battistoni;  ‘Rumo a Uma Sociedade Pós-Trabalho‘, de David Frayne; ‘Comunismo Verde Totalmente Automatizado’, de Aaron Bastani; ‘Automação e o ‘Fim do Trabalho’ na Mídia Internacional Dominante’; Robôs, Crescimento e Desigualdade, de Andrew Berg, Edward F. Buffie, e Luis-Felipe Zanna; ‘Os Robôs Vão Tomar Seu Emprego?’, de Nick Srnicek e Alex Williams; e  ‘O Socialismo Vai Ser Chato?‘, de Danny Katch; [N.M.]

[11] O nosso próprio imaginário sobre o futuro precisa ser resgatado das mãos do Capitalismo. Ver ‘O Lamentável Declínio das Utopias Espaciais’, de Briana Rennix; ‘Quatro Futuros: Vida Após o Capitalismo’, de Peter Frase; Rumo a Uma Sociedade Pós-Trabalho‘, de David Frayne; ‘Comunismo Verde Totalmente Automatizado’, de Aaron Bastani; ‘A Revolução Cybersyn’, de Eden Medina [N.M.]

[12] Ver O Mito do Antropoceno, de Andreas Malm; Bill Gates, Socialista?, de Leigh Phillips; ‘A Fantasia do Livre-Mercado’ de Nicole M. Aschoff;  Bill Gates Não Vai Nos Salvar [E Nem Elon Musk], de Ben Tarnoff; Elon Musk Não é O Futuro, de Paris Marx; Planejando o Bom Antropoceno, de Leigh Phillips e Michal Rozworski; Comunismo Verde Totalmente Automatizado, de Aaron Bastani; ‘Tecnologia e Ecologia Como Apocalipse e Utopia’ e ‘Socialismo Como Futuro Automatizado e Igualitário em Resposta à Crise Ambiental’, de Peter Frase.  [N.M.]

[13] Ver ‘Exterminismo: ‘Solução Final’ Num Futuro Automatizado de Desigualdade e Escassez’, de Peter Frase. [N.M.]

[14] O conceito de “Neoliberalismo” representa a etapa atual do Capitalismo, a sua ideologia dominante atualmente (juntamente dos valores e formas de subjetividade que eles incentivam), sua força política e a história das suas “reformas” pelos governos ao redor do mundo. Podemos analisar a história do Neoliberalismo como a história do redirecionamento do sistema capitalista nos países do seu núcleo na direção da reversão em relação ao modelo capitalista do pós-guerra, baseado no fordismo, no Keynesianismo, no Estado de Bem-Estar Social, na Social-Democracia, que compunham o consenso dominante no período anterior. Vale muito a pena ler a introdução de George Monbiot sobre o tema para o jornal The Guardian: ‘Neoliberalismo, a Ideologia na Raiz de Nossos Problemas’, além de ‘Desabamento Contínuo: Neoliberalismo Como Estágio da Crise Capitalista, Rendição Social-Democrata, Revolta Popular Recente e as Aberturas à Esquerda’, de Robert Brenner. ‘Como Vai Acabar o Capitalismo?’, de Wolfgang Streeck faz uma análise do desmonte trazido pelo período neoliberal e defende que seu sucesso pode estar levando o Capitalismo global a uma ruptura, mesmo na ausência de uma alternativa global organizada. Em ‘Realismo Capitalista e a Exclusão do Futuro’ e ‘Como Matar Um Zumbi: Elaborando Estratégias Para o Fim do Neoliberalismo’, Mark Fisher comenta a perda do impulso ideológico à frente que marcou o domínio do Neoliberalismo em suas décadas de certezas absolutas (dos  anos 80 até a crise de 2008) e também analisa questões que os movimentos da Esquerda precisarão resolver para derrubá-lo de vez. Outros textos interessantíssimos sobre o neoliberalismo podem ser acessados aqui. [N.M.]

[15] A “doutrina de choque” para Naomi Klein, é o método de ataque generalizado a direitos e leis garantidoras executado por governos neoliberais nas últimas décadas como estratégia para forçar a passagem de “reformas” neoliberais, desorientando a resistência organizada pela quantidade de frentes de ataque. Klein  Um exemplo muito claro dessa estratégia foi o governo de Temer após o golpe de 2016, no Brasil. [N;M.]

[16] Ver ‘Planejando o Bom Antropoceno’, de Leigh Phillips e Michal Rozworski; e  Socialismo Como Futuro Automatizado e Igualitário em Resposta à Crise Ambiental’, de Peter Frase. [N.M.]

[17] Ver ‘O Mercado é Mesmo Bom?’, de Luis Felipe Miguel; ‘Existe Mesmo Algo Como um Livre-Mercado?’, ‘O Livre-Mercado Faz Países Pobres Ficarem Ricos?’, ‘A África Está Destinada ao Subdesenvolvimento?’, de Ha-Joon Chang; ‘Defeitos Estruturais de Controle no Sistema do Capital’, István Mészáros; ‘Socialismo, Mercado, Planejamento e Democracia’, de Seth Ackerman, John Quiggin, Tyler Zimmer, Jeff Moniker, Matthijs Krul, HumanaEsfera  [N.M.]

[18] na versão inglesa. [N.M.]

[19] no original, “geo-finessing” e “geo-tweaking”. [N.M.]

 


Leituras Relacionadas

  • O Mito do Antropoceno [Andreas Malm] – Culpar toda a Humanidade pela mudança climática deixa o Capitalismo sair ileso.
  • Inovação Vermelha [Tony Smith] – “Longe de sufocar a inovação, uma sociedade Socialista colocaria o progresso tecnológico a serviço das pessoas comuns.”
  • A Revolução Cybersyn [Eden Medina] – Cinco lições de um projeto de computação socialista no Chile de Salvador Allende.
  • Bill Gates Não Vai Nos Salvar [E Nem Elon Musk] – [Ben Tarnoff] Quando se trata de tecnologia verde, apenas o Estado pode fazer o que o Vale do Silício não pode.
  • Elon Musk Não é O Futuro [Paris Marx] – “Os dirigentes das grandes empresas de tecnologia estão nessa apenas por eles mesmos, não pelo bem público.
  • Planejando o Bom Antropoceno – [Leigh Phillips e Michal Rozworski] O mercado está nos levando cegamente a uma calamidade climática – o planejamento democrático é uma saída.
  • Todo Poder aos “Espaços de Fazedores” [Guy Rundle] – “A impressão 3-D em sua forma atual pode ser um retorno às obrigações enfadonhas do movimento “pequeno é belo”, mas tem o potencial para fazer muito mais.
  • Obsolescência Planejada: Armadilha Silenciosa na Sociedade de Consumo[Valquíria Padilha e Renata Cristina A. Bonifácio] – O crescimento pelo crescimento é irracional. Precisamos descolonizar nossos pensamentos construídos com base nessa irracionalidade para abrirmos a mente e sairmos do torpor que nos impede de agir
  • Quatro Futuros: Vida Após o Capitalismo – [Peter Frase] “Crise climática”, “mudanças ambientais”, “robôs inteligentes”, “robôs tomando empregos”: os impactos da Crise Climática e de novas tecnologias de Automação de postos de trabalho para o nosso futuro comum vêm sendo cada vez mais discutidos. Se os avanços tecnológicos da “Quarta Revolução Industrial” (em especial em campos como Inteligência Artificial, Robótica avançada, fabricação aditiva, etc) forem o suficiente para automatizarmos a maior parte das atividades que hoje são empregos, reduzindo a um mínimo a necessidade de trabalho humano, a produção de mercadorias através de trabalho assalariado estará superada – e, portanto, estaremos falando do fim do Capitalismo; a questão então é o que virá depois. Será que a possibilidade de toda essa automação é o bastante para garantir que ela vai ocorrer? Qual seria o impacto disso sobre as vidas das pessoas? Como as questões ambientais/climáticas entram nesse quadro? E as relações de propriedade e produção capitalistas e a Política, especificamente a Luta de Classes? Que tipo de cenários podemos esperar à partir do fim do Capitalismo?
  • Comunismo Verde Totalmente Automatizado – [Aaron Bastani] [O desafio das mudanças climáticas precisa de uma resposta à altura, que reconheça a sua dimensão, amplitude e a necessidade de mudanças profundas em nossas tecnologias, relações de produção, relações com a natureza, em nosso dia-a-dia e em nossas visões de mundo. Felizmente, depois de décadas de dominação quase absoluta do “realismo capitalista” e de suas propostas vazias de respostas à crise climática via mercado, vai se abrindo o espaço para uma proposta “populista” pela construção de uma alternativa radical que abrace a expansão e a democratização das tecnologias de energias renováveis, robótica fina, inteligência artificial, e produção aditiva como um projeto político a ser disputado, para a construção de uma sociedade focada na sustentabilidade e na socialização da abundância, do lazer, do bem-estar e da maior disponibilidade de tempo para as mais diversas atividades.]
  • Vivo Sob o Sol [Alyssa Battistoni] – “Não há caminho rumo a um futuro sustentável sem lidar com as velhas pedras no caminho do ambientalismo: consumo e empregos. E a maneira de fazer isso é através de uma Renda Básica Universal. “
  • Um Mundo Socialista Não Significaria Só Uma Crise Ambiental Maior Ainda? [Alyssa Battistoni] – “Sob o Socialismo, nós tomaríamos decisões sobre o uso de recursos democraticamente, levando em consideração necessidades e valores humanos, ao invés da maximização dos lucros.
  • Rumo a um Socialismo Ciborgue [Alyssa Battistoni] – “A Esquerda precisa de mais vozes e de críticas mais afiadas que coloquem nossa análise do poder e de justiça no centro das discussões ambientais, onde elas devem estar.”
  • A Fantasia do Livre-Mercado [Nicole M. Aschoff] – “Designar o mercado como ‘natural’ e o Estado como ‘antinatural’ é uma ficção conveniente para aqueles casados com o status quo. O “capitalismo consciente”, embora atraente em alguns aspectos, não é uma solução para a degradação ambiental e social que acompanha o sistema de produção voltado ao lucro. A sociedade precisa decidir em que tipo de mundo deseja viver, e essas decisões devem ser tomadas por meio de estruturas e processos democráticos.”
  • Lingirie Egípcia e o Futuro Robô [Peter Frase] – O pânico sobre automação erra o alvo – o verdadeiro problema é que os próprios trabalhadores são tratados feito máquinas.”
  • Socialismo, Mercado, Planejamento e Democracia [Seth Ackerman, John Quiggin, Tyler Zimmer, Jeff Moniker, Matthijs Krul, HumanaEsfera] – “O socialismo promete a emancipação humana, com o alargamento da democracia e da racionalidade para a produção e distribuição de bens e serviços e o uso da tecnologia acumulada pela humanidade para a redução a um mínimo do trabalho necessário por cada pessoa, liberando seu tempo para o seu livre desenvolvimento. Como organizar uma economia socialista para realizar essas promessas?”
  • O Lamentável Declínio das Utopias Espaciais [Brianna Rennix] – “Narrativas ficcionais são um fator enorme moldando nossas expectativas do que é possível. Infelizmente, utopias estão atualmente fora de moda, como a tediosa proliferação de ficção distópica e filmes de desastre parece indicar. Por que só “libertarianos” fantasiam sobre o espaço hoje em dia?”
  • Precisamos Dominá-la [Peter Frase] – “Nosso desafio é ver na tecnologia tanto os atuais instrumentos de controle dos empregadores quanto as precondições para uma sociedade pós-escassez.
  • Tecnologia e Estratégia Socialista [Paul Heidmann] – “Com poderosos movimentos de classe em sua retaguarda, a tecnologia pode prometer a emancipação do trabalho, ao invés de mais miséria.
  • Viver, Não Apenas Sobreviver – [Alyssa Battistoni] “Os movimentos da classe trabalhadora devem colocar a reprodução social e ecológica no coração de sua visão do futuro.
  • O Socialismo Vai Ser Chato? – “O Socialismo não é sobre induzir uma branda mediocridade. É sobre libertar o potencial criativo de todos.
  • Políticas Para Se ‘Arranjar Uma Vida’ [Peter Frase] – “O trabalho em uma sociedade capitalista é um fenômeno conflituoso e contraditório. Uma política para a classe trabalhadora tem de ser contra o trabalho, apelando para o prazer e o desejo, ao invés de sacrifício e auto-negação.
  • Os Robôs Vão Tomar Seu Emprego? [Nick Srnicek e Alex Williams] – “Com a automação causando ou não uma devastação nos empregos, o futuro do trabalho sob o capitalismo parece cada vez mais sombrio. Precisamos agora olhar para horizontes pós-trabalho.”
  • O Capitalismo Está Arruinando a Ciência [Meagan Day e Cold Dark Stars] – Os incentivos de mercado aplicados ao ambiente universitário, com exigências cada vez mais rigorosas em publicações, financiamento, patentes, etc, juntamente do crescimento da fragmentação do conhecimento em campos cada vez mais isolados entre si e com exigências crescentes de complexidade informacional e distância cada vez maior em relação à realidade concreta criam uma situação que ameaça sua imagem como espaço para a busca de respostas para nossos problemas como sociedade, a construção de conhecimento coletivo, a própria integridade do empreendimento científico. 
  • A Mente Univariada do Bitolado de Direita  [Cold Dark Stars] – “A ‘mente univariada’ é a tendência para abstrair a dinâmica de fenômenos extremamente complexos, como economias inteiras, a desigualdade salarial de gênero, rituais de sedução, sub-representação de certas minorias sexuais e raciais na indústria, pobreza, etc. em modelos que usam uma ou pouquíssimas variáveis.”
  • Tecnologia e Ecologia Como Apocalipse e Utopia [Quatro Futuros – Introdução] – [Peter Frase] “Muito se tem falado sobre os impactos da Crise Climática e de novas tecnologias de Automação de postos de trabalho para o nosso futuro em comum. Como as relações de propriedade e produção capitalistas e a Política, especificamente a Luta de Classes, se encaixam neste quadro? Será que a possibilidade de automação quase generalizada seria o bastante para garantir que ela ocorrerá? Qual seria o impacto dela sobre as condições de vida das pessoas? Com base nesses elementos, que tipo de cenários podemos esperar à partir do fim do Capitalismo?”
  • Comunismo Como Futuro Automatizado de Igualdade e Abundância[Quatro Futuros – Cap. 1 – Comunismo: Igualdade e Abundância] – [Peter Frase] “Um mundo em que a tecnologia tenha superado ou reduzido a um mínimo (e de forma sustentável) a necessidade de trabalho humano; em que esse potencial seja compartilhado com todos, eliminando a exploração e a alienação das relações de trabalho assalariado; onde as hierarquias derivadas do Capital tenham sido suplantadas por um modelo mais igualitário, agora capaz não só de sanar as necessidades de todos, mas de permitir o livre desenvolvimento de cada um, parece para muitos como um sonho de utopia inalcançável e ingênuo, onde não existiriam quaisquer conflitos ou hierarquias. Será mesmo?
  • Rentismo: Um Futuro Automatizado de Abundância Bloqueada Pela Desigualdade [Quatro Futuros – Cap. 2 – Rentismo: Hierarquia e Abundância] – [Peter Frase] Na penúltima parte da série sobre possíveis futuros após o fim do Capitalismo, – com o fim do uso de trabalho humano assalariado na produção de mercadorias, extrapolando as tendências atuais de aplicação de tecnologias como Inteligência Artificial, Robótica, Fabricação Aditiva, Nanotecnologia, etc – encaramos uma distopia em que as elites do sistema capitalista atual têm sucesso em manter seus privilégios e poderes, usando patentes e direitos autorais para bloquear e restringir para si o que poderia ser o livre-acesso universal à abundância possibilitada pelas conquistas do conhecimento humano num cenário em que a própria escassez poderia ser deixada para trás.
  • Socialismo Como Futuro Automatizado e Igualitário em Resposta à Crise Ambiental [Quatro Futuros – Cap. 3 – Socialismo: Igualdade e Escassez]– [Peter Frase] Se os avanços tecnológicos da Quarta Revolução Industrial (em campos como Inteligência Artificial, Robótica avançada, fabricação aditiva, etc) forem o suficiente para automatizarmos a maior parte dos empregos, reduzindo a um mínimo a necessidade de trabalho humano, a produção de mercadorias através de trabalho assalariado estará superada – e, portanto, também o capitalismo. Se isso for alcançado em uma sociedade mais igualitária, democrática, sustentável e racional, ainda assim é possível que teremos de nos organizar para lidar com o estrago deixado no planeta pelo sistema capitalista, planejando, executando e administrando  projetos gigantescos de reconstrução, geo-engenharia e racionamento de recursos limitados. Em outras palavras, provavelmente ainda precisaremos de algum tipo de Estado.
  • Exterminismo: ‘Solução Final’ Num Futuro Automatizado de Desigualdade e Escassez [Quatro Futuros – Cap. 4 – Exterminismo: Hierarquia e Escassez] – [Peter Frase] A cada semana somos bombardeados por notícias sobre avanços tecnológicos assombrosos, que prometem diminuir, e muito, a necessidade de trabalho humano nas mais diversas atividades. De fato, podemos imaginar que em algum momento no futuro teremos a necessidade de muito pouco trabalho humano na produção de mercadorias. Mas e se chegarmos nesse ponto ainda divididos entre podres de ricos e “a ralé”? E se os recursos naturais de energia e de matérias-primas não forem o bastante para garantir uma vida luxuriante para todos? E se, do ponto de vista dos abastados, os ex-trabalhadores passarem a representar apenas um “peso inútil”, ou até mesmo, um risco “desnecessário”? No último capítulo sobre possíveis futuros automatizados com o fim do Capitalismo, somos confrontados por uma distopia de desigualdade e crueldade cujas raízes já podemos notar em muitas tendências atuais.
  • Quatro Futuros [artigo original de 2011] – [Peter Frase] Uma coisa de que podemos ter certeza é que o Capitalismo vai acabar; a questão, então, é o que virá depois.
  • Robôs e Inteligência Artificial: Utopia ou Distopia? [Michael Roberts] – “Diz muito sobre o momento atual que enquanto encaramos um futuro que pode se assemelhar ou com uma distopia hiper-capitalista ou com um paraíso socialista, a segunda opção não seja nem mencionada.”
  • Robôs, Crescimento e Desigualdade – Mesmo uma instituição como o FMIvem notando as tendências que a automação de empregos devem gerar nas próximas décadas, incluindo um crescimento vertiginoso da desigualdade social, e a necessidade de compartilhar a abundância prometida por essas inovações.
  • Automação e o ‘Fim do Trabalho’ na Mídia Internacional Dominante 
  • Votando Sob o Socialismo – [Peter Frase] Vai ser mais significativo – mas esperamos que não envolva assembleias sem-fim.
  • Democratizar Isso [Michal Rozworski] – “Os planos do Partido Trabalhista inglês para buscar modelos democráticos de propriedade são o aspecto mais radical do programa de Corbyn, e um dos mais radicais que temos visto na política dominante em muito tempo.”
  • Economia e Planejamento Soviéticos e as Lições na Queda – [Paul Cockshott e Allin Cottrel] “Desde os anos 90 temos sido bombardeados por relatos sobre como a queda da União Soviética seria uma prova definitiva da impossibilidade de qualquer forma de Economia Planejada racionalmente, de qualquer forma de Economia Socialista, de qualquer forma de Socialismo – e de que não existiria alternativa para organizar a produção e o consumo das sociedades humanas a não ser o Capitalismo de Livre-Mercado. Será mesmo?
  • O Ano em Que o Capitalismo Real Mostrou a Que Veio – [Jerome Roós] “Tudo que nós um dia deveríamos temer sobre o socialismo — desde repressão estatal e vigilância em massa até padrões de vida em queda — aconteceu diante de nossos olhos
  • Bill Gates, Socialista? [Leigh Phillips] – “Bill Gates está certo: o setor privado está sufocando a inovação em energias limpas. Mas esse não é o único lugar em que o Capitalismo está nos limitando.
  • Os Ricos Não Merecem Ficar Com a Maior Parte do Seu Dinheiro? – “A riqueza é criada socialmente – a redistribuição apenas permite que mais pessoas aproveitem os frutos do seu trabalho.”
  • Contando Com os Bilionários [Japhy Wilson] – Filantropo-capitalistas como George Soros querem que acreditemos que eles podem remediar a miséria econômica que eles mesmos criam.
  • A Sociedade do Smartphone [Nicole M. Aschoff] – “Assim como o automóvel definiu o Século XX, o Smartphone está reformulando como nós vivemos e trabalhamos hoje em dia.”
  • Bill Gates e os 4 Bilhões na Pobreza [Michael Roberts] – “A pobreza global está caindo ou crescendo? Sabe-se que a desigualdade global vem aumentando rapidamente nas últimas décadas, mas muitos defensores do capitalismo se apressam para nos afirmar que, apesar disso, nunca estivemos melhor. Será mesmo?
  • Uma Economia Para os 99% – relatório da Oxfam apresentando dados sobre a situação atual das desigualdades sociais; os mecanismos que as vêm reproduzindo e aprofundando mundo à fora; sobre como isso destrói qualquer possibilidade de democracia; e sobre possíveis medidas para superar esta situação;
  • Pikettyismos [Ladislau Dowbor] – “O livro de Thomas Piketty [documentando toda a trajetória da desigualdade no mundo desenvolvido desde o século XIX e provando que ela vem crescendo rapidamente nas últimas décadas, desde a virada para o Neoliberalismo] está nos fazendo refletir, não só na esquerda, mas em todo o espectro político. Cada um, naturalmente, digere os argumentos, e em particular a arquitetura teórica do volume, à sua maneira.”
  • ABCs do Socialismo
  • Por Que Socialismo? – Albert Einstein explica, de maneira clara e objetiva, os problemas fundamentais que enxerga na sociedade capitalista e porque uma sociedade socialista poderia ser o caminho para superá-los.
  • Bancos, Finanças, Socialismo e Democracia – [Ladislau Dowbor, Nuno Teles e J. W. Mason] Os bancos são instituições centrais na articulação das atividades no sistema capitalista. Como essas instituições deixaram de cumprir suas funções básicas e passaram a estender seu domínio sobre toda a economia? Podemos ver o sistema financeiro como um ambiente “neutro” cujos resultados são os “naturais” gerados pelos “mercados”? Será que dividir os grandes bancos será o suficiente para resolver essa situação?
  • O Comunismo Não Passa de Um Sonho de Utopia? Só Funcionaria Com Pessoas Perfeitas? – [Terry Eagleton] “O Comunismo é apenas um sonho de ingenuidade, utopia e perfeição? Ele ignora a maldade e o egoísmo que estariam na essência da natureza humana? Um tal sistema precisaria que todos pensassem e agissem de uma única maneira, só poderia funcionar com pessoas perfeitas e harmoniosas como peças de relógio, nunca com os seres humanos diversos e falhos que realmente existem?”
  • Como Vai Acabar o Capitalismo? – [Wolfgang Streeck] “O epílogo de um sistema em desmantêlo crônico: A legitimidade da ‘democracia’ capitalista se baseava na premissa de que os Estados eram capazes de intervir nos mercados e corrigir seus resultados, em favor dos cidadãos; hoje, as dúvidas sobre a compatibilidade entre uma economia capitalista e um sistema democrático voltaram com força total.”
  • Neoliberalismo, A Ideologia na Raiz de Nossos Problemas – [George Monbiot] “Crise financeira, desastre ambiental e mesmo a ascensão de Donald Trump – o Neoliberalismo,  a ideologia dominante no ‘Ocidente’ desde os anos 80, desempenhou seu papel em todos eles. Como surgiu e foi adotado pelas elites a ponto de tornar-se invisível e difuso? Por que a Esquerda fracassou até agora em enfrentá-lo?”
  • Desabamento Contínuo: Neoliberalismo Como Estágio da Crise Capitalista, Rendição Social-Democrata, Revolta Popular Recente e as Aberturas à Esquerda – [Robert Brenner] Na fase atual do neoliberalismo, o capitalismo não é mais capaz de garantir crescimento e desenvolvimento semelhantes aos estágios anteriores. Nem mesmo se mostra capaz de garantir condições de vida aos trabalhadores e, assim, assegurar seu apoio ao sistema – passando a depender cada vez mais do medo imposto sobre os mesmos sobre a perda de seus empregos, sobre o futuro, e sobre repressão – e despertando revolta de massa à Esquerda e à Direita. O que se segue é uma tentativa inicial e muito parcial de apresentar como entendemos o panorama político de hoje; uma série de suas características notáveis; as aberturas que se apresentam aos movimentos e à Esquerda; e os problemas que a Esquerda enfrenta.
  • O Projeto Socialista e a Classe Trabalhadora – [David Zachariah] “As pessoas na Esquerda estão unidas em seu objetivo de uma sociedade em que cada indivíduo encontre meios aproximadamente iguais para o pleno desenvolvimento de suas capacidades diversas. O que distingue os socialistas é o reconhecimento de que a forma específica como a sociedade está organizada para reproduzir a si mesma também reproduz grandes desigualdades sociais nos padrões de vida, emprego, condições de trabalho, saúde, educação, habitação, acesso à cultura, meios de desenvolvimento e frutos do trabalho social, etc.
  • O País Já Não é Meio Socialista? – Não, Socialismo não é só sobre mais governo – é sobre propriedade e controle democráticos.
  • Pelo Menos o Capitalismo é Livre e Democrático, Né? – Pode parecer que é assim, mas Liberdade e Democracia genuínas não são compatíveis com o Capitalismo.
  • O Socialismo Soa Bem na Teoria, Mas a Natureza Humana Não o Torna Impossível de Se Realizar? – “Nossa natureza compartilhada na verdade nos ajuda a construir e definir os valores de uma sociedade mais justa.”
  • Os Ricos Não Merecem Ficar Com a Maior Parte do Seu Dinheiro? – “A riqueza é criada socialmente – a redistribuição apenas permite que mais pessoas aproveitem os frutos do seu trabalho.”
  • Os Socialistas Vão Levar Meus CDs do Calypso? – Socialistas querem um mundo sem Propriedade Privada, não Propriedade Pessoal. Você pode guardar seus discos.
  • O Socialismo Não Termina Sempre em Ditadura? – O Socialismo é muitas vezes misturado com autoritarismo. Mas historicamente, Socialistas tem estado entre os defensores mais convictos da Democracia.
  • O Socialismo Não É Só Um Conceito Ocidental? – O Socialismo não é Eurocêntrico por que a lógica do Capital é universal – e a resistência a ela também.
  • E Sobre o Racismo? Os Socialistas Não Se Preocupam Só Com Classe? – Na verdade acreditamos que a luta contra o Racismo é central para desfazer o poder da classe dominante. 
  • O Socialismo e o Feminismo Não Entram Às Vezes Em Conflito? – Em última análise, os objetivos do Feminismo radical e do Socialismo são os mesmos – Justiça e Igualdade para todas as pessoas.
  • Um Mundo Socialista Não Significaria Só Uma Crise Ambiental Maior Ainda? – “Sob o Socialismo, nós tomaríamos decisões sobre o uso de recursos democraticamente, levando em consideração necessidades e valores humanos, ao invés da maximização dos lucros.
  • Os Socialistas São Pacifistas? Algumas Guerras Não São Justificadas? – Socialistas querem erradicar a guerra por que ela é brutal e irracional. Mas nós pensamos que existe uma diferença entre a violência dos oprimidos e a dos opressores. 
  • Por Que os Socialistas Falam Tanto em Trabalhadores? – Os trabalhadores estão no coração do sistema capitalista. E é por isso que eles estão no centro da política socialista. 
  • Os Socialistas Querem Tornar Todos Iguais? Querem Acabar Com a Nossa Individualidade?
  • O Marxismo Está Ultrapassado? Ele Só Tinha Algo a Dizer Sobre a Inglaterra do Século XIX, e Olhe Lá?
  • O Marxismo é Uma Ideologia Assassina, Que Só Pode Gerar Miséria? – “O Marxismo é uma ideologia sanguinária e assassina, que só pode gerar miséria compartilhada? Socialismo significa falta de liberdade e uma economia falida?”

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